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Nova administradora executiva da Galp veio da Wirecard. Bloco questiona idoneidade
A nova administradora executiva da Galp, Susana Quintana-Plaza, era membro do Conselho Fiscal da Wirecard, um órgão de gestão responsável por exercer “uma fiscalização conscienciosa e imparcial”, de informar sobre “todas as irregularidades e inexatidões”, segundo o decreto lei que rege esta atividade e que é praticamente transversal a todos os países.
A Wirecard está no centro de uma investigação internacional. A gigante alemã de pagamentos online pediu insolvência em junho depois da equipa de gestão ter reconhecido, oficialmente, que “provavelmente não existe” o montante de 1,9 mil milhões das reservas nas contas bancárias, valor que ascende a cerca de 25% do total do balanço da Wirecard. Depois de uma década de contas declaradas “limpas” pela auditora EY, o cerco apertou-se quando uma nova auditoria da KPMG se recusou a assinar as contas quando não conseguiu explicar a origem dos lucros reportados na Irlanda e em Singapura.
A empresa entrou na bolsa de Frankfurt em 2005 e cresceu meteoricamente por via de aquisições de vários concorrentes, chegando a ter uma valorização bolsista superior ao Deutsche Bank. A queda vertiginosa, porém, faz recordar os casos da Enron, Parmalat e Lehmon Brothers, empresas que faliram por gestão danosa e fraude financeira.
Para a deputada Mariana Mortágua, “este caso veio demonstrar, mais uma vez, que as más práticas e a fraude fazem parte do modus operandi do capitalismo financeiro”. E questiona a ausência de incómodo por parte do regulador.
Numa conferência sobre corporate governance, a Presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias, afirmou que a “Wirecard é exemplo de como más práticas e condutas impróprias, juntamente com vulnerabilidades dos mecanismos de governance, vieram ditar a destruição súbita”, e destaca a importância que tem um bom governo societário para a sustentabilidade de qualquer negócio.
Numa pergunta enviada ao governo, Mariana Mortágua relembra, contudo, que “a idoneidade da equipa de gestão deve, certamente, constituir um desses critérios. Importa, assim, ficar a conhecer se, por parte da CMVM, houve lugar a um processo de verificação formal da idoneidade da recente contratação da Galp para administradora executiva, Susana Quintana-Plaza, ou se bastou a garantia da Galp que a saída da Wirecard foi “amigável” e que já “desencadeou procedimentos de governance”, mantendo, assim, a confiança na administradora”, questiona a deputada.
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