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Nobel da Economia apoia reestruturação da dívida portuguesa

Joseph Stiglitz defendeu uma “reestruturação profunda” da dívida portuguesa e diz que com o atual ritmo de crescimento, os portugueses “nunca mais vão voltar à normalidade”. O Nobel da Economia em 2001 vai apoiar a Argentina na justiça norte-americana contra os “fundos abutres”.
Foto Ian Langsdon/EPA

"É preciso fazer uma reestruturação, e, quando a fizerem, devem fazer uma reestruturação profunda. Se não for suficiente, vão voltar a ter problemas daqui a três anos, tal como a Grécia teve", disse Joseph Stiglitz aos jornalistas, citado pela agência Lusa.

As palavras de Stiglitz surgem na sequência do debate iniciado pelo manifesto subscrito por 74 personalidades portuguesas a defender a inevitabilidade da reestruturação de uma dívida insustentável para o país. O economista que recebeu o Nobel da Economia em 2001 disse não conhecer o documento quando foi questionado sobre ele esta quinta-feira no Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau.

Mas Stiglitz não quis deixar de defender o seu ponto de vista e convergir no apelo pela reestruturação da dívida em Portugal, desde que seja bem mais profunda do que a da Grécia. ”Tem de se ter cuidado: quando se faz uma reestruturação superficial, cinco anos depois, vai ter de se fazer de novo”. Sem uma reestruturação, “o crescimento é tão lento que, a este ritmo, nunca mais vão voltar à normalidade. Mas, mesmo se começassem a crescer rapidamente, ia demorar anos e anos”, argumenta o economista.

Joseph Stiglitz não poupou críticas às políticas da troika, declarando-as “contrárias às políticas sustentáveis. São políticas que farão com que o crescimento seja mais difícil no futuro”, prosseguiu, destacando o preço que pagam os jovens dos países sob vigilância do FMI, BCE e Comissão Europeia.

Stiglitz vai apoiar Argentina no Supremo Tribunal dos EUA

O antigo economista-chefe do Banco Mundial e atual professor da Universidade de Columbia fez saber esta semana, através do seu advogado Deepak Gupta junto da agência Bloomberg, que apoiará a Argentina na disputa com os “fundos abutres”, que chegou ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos com sessão prevista para maio. Os fundos de investimento - que representam 7% dos credores da reestruturação da dívida argentina após a suspensão do pagamento em 2001 - exigem o reembolso total da dívida e dois tribunais dos EUA já lhes deram razão. A esmagadora maioria dos credores aceitou perdas de 70% nas suas obrigações quando a dívida foi reestruturada em 2005 e 2010.

Num texto publicado no ano passado, o economista já tinha dito que uma decisão do Supremo a favor dos hedge funds seria uma ameaça para os mercados de dívida soberana, “podendo até levar a que os EUA deixem de ser vistos como um bom lugar para emitir dívida soberana”. A iniciativa de Stiglitz, ao abrigo da figura jurídica do “amigo do tribunal”, consistirá numa declaração de apoio ao lado argentino, tal como fará a rede Jubilee USA e 75 ONG’s. Brasil, México e França também prometeram fazer chegar a sua posição favorável à Argentina aos juízes.

Esta quinta-feira, em Macau, Joseph Stiglitz voltou a defender o mérito da reestruturação para a saída da crise, sublinhando que "a Argentina teve uma reestruturação muito profunda e o resultado que obteve – durante o período desde 2003 até à crise financeira global – foi um crescimento de 8%, o mais rápido crescimento em qualquer país do mundo, à excepção da China".

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