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Nigel Farage apoia Conservadores, Corbyn chama-lhe "aliança Trump"

“Há uma semana Donald Trump disse a Nigel Farage para fazer um pacto com Boris Johnson. Hoje, Trump viu cumprido o seu desejo”, afirmou o líder trabalhista Jeremy Corbyn após o anúncio de que o partido do Brexit não se candidata nos círculos com deputados conservadores.
Nigel Farage
Nigel Farage num comício de campanha na sexta-fera. Foto publicada na sua página do Twitter.

O líder do partido do Brexit, Nigel Farage, anunciou esta segunda-feira que o partido não se apresentará às urnas nos 317 círculos eleitorais onde os conservadores venceram nas eleições de 2017. Farage acredita que esta decisão “impede que venha a acontecer um segundo referendo”, o que considera ser “neste momento a coisa mais importante para o nosso país”.

Este anúncio contraria a posição crítica de Farage em relação ao acordo proposto pelo líder dos Conservadores e atual primeiro-ministro, Boris Johnson. Ainda há quatro dias Farage apontava a sua discordância nas redes sociais:

A razão da mudança, explicou Farage, foi o vídeo publicado por Boris Johnson no domingo, a prometer um período de transição de saída da UE até ao fim de 2020 e um acordo comercial à imagem do CETA, assinado entre a UE e o Canadá em 2016, em vez da “parceria especial” proposta pela ex-primeira-ministra Theresa May.

Para o líder trabalhista Jeremy Corbyn, o anúncio de Farage tem a mão do inquilino da Casa Branca, que sugeriu essa aliança numa entrevista recente com o líder do partido do Brexit e em declarações públicas reproduzidas pelo próprio Farage:

“Há uma semana Donald Trump disse a Nigel Farage para fazer um pacto com Boris Johnson. Hoje, Trump viu cumprido o seu desejo”, afirmou Corbyn, apelidando de “aliança Trump” o que Farage chama de “aliança da saída”.

Por seu lado, a líder dos nacionalistas escoceses, Nicola Sturgeon, também veio criticar o anúncio de Farage, sublinhando que “qualquer forma de Brexit que seja aceitável para Nigel Farage será altamente prejudicial para a Escócia”.

“Desconfio que muitos eleitores tradicionais dos Conservadores aqui na Escócia e por todo o Reino Unido ficarão chocados ao saber que o seu partido se tornou no partido Brexit”, apontou a chefe do governo da Escócia.

As palavras de Farage foram recebidas com alívio pelos deputados conservadores na corrida à reeleição, mas outras figuras do partido afirmam que a intenção de Farage só será eficaz se retirar também os seus candidatos dos círculos onde os conservadores querem disputar a eleição aos candidatos trabalhistas. Também os especialistas em sondagens têm dúvidas se a ausência de candidatos do partido do Brexit nos círculos conservadores irá influenciar de alguma forma o resultado final, dado que estes precisam de ganhar círculos aos trabalhistas para consolidarem uma maioria no parlamento. E, até ver, nesses círculos a dispersão de votos pelo partido Brexit e os conservadores favorece a reeleição dos trabalhistas.

É também provável que a jogada tática do partido do Brexit possa desencadear movimentos semelhantes à esquerda. Pouco depois de Farage ter anunciado a retirada de centenas de candidatos, um candidato dos Verdes anunciou a sua desistência a favor dos trabalhistas num círculo ganho por curta margem em 2017 pelo conservador Ian Ducan Smith. Embora o partido não adote a linha da retirada tática a nível nacional, a autonomia dos círculos locais faz antever decisões semelhantes até à entrega das candidaturas para a eleição de 12 de dezembro.

Enquanto o partido Trabalhista também recusa este tipo de acordos, os Liberais Democratas e o partido galês Plaid Cymru selaram um acordo de desistência mútua para o candidato melhor colocado contra o Brexit em 60 círculos de Gales e Inglaterra.

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