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Não há justificação económica para offshores, dizem economistas

Thomas Piketty entre os 300 signatários de uma carta que pede aos líderes mundiais que levantem o segredo bancário. Cada ano, África perde 14 mil milhões de dólares em impostos para contas de offshores e até ao final de 2014 foram desviados 12 biliões de dólares de economias emergentes, encabeçadas pela Rússia e China.
Ilhas Virgens Britânicas, foto de Kansasphoto/Flickr

Mais de 300 economistas, entre os quais se encontra Thomas Piketty, assinam um documento no qual afirmam que não há justificação económica para as contas de offshores e pedem aos líderes mundiais que se vão encontrar esta semana numa cimeira anti corrupção a decorrer no Reino Unido, que levantem o sigilo bancário que rodeia estas contas e estas operações, noticia o The Guardian. Na carta, os economistas argumentam que a fuga ao fisco enfraquece economias desenvolvidas e em desenvolvimento, além de gerar desigualdade.

Os signatários incluem ainda Angus Deaton, prémio Nobel da economia em 2015 Nobel; Ha-Joon Chang, economista na Universidade de Cambridge; além de peritos com cargos de grande influência, como Jeffrey Sachs, diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia e conselheiro do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, e Olivier Blanchard, ex economista principal do FMI, destaca o The Guardian.

O diário britânico cita uma entrevista de Jeffrey Sachs à BBC Radio 4, na qual afirma que “vimos nos “Panama Papers” que os offshores são simplesmente fontes de ilegalidade massiva, corrupção, evasão fiscal e outras ações nefastas. Precisam de acabar. Se na Cimeira o Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia decidissem que já chega, haveria uma mudança fenomenal num período de tempo muito curto. Não precisávamos dos “Panama Papers” para saber que a corrupção fiscal através de paraísos fiscais é enorme, mas achamos que este sistema global abusivo precisa de acabar rapidamente. Isso seria uma medida de bom governo no compromisso global por desenvolvimento sustentável”.

Para contrariar estas medidas, os economistas que assinaram a carta propõem novas regras globais exigindo às empresas que divulguem atividades taxáveis em cada país onde operam, e a garantia de que todos os territórios divulgam publicamente informação sobre os verdadeiros donos das empresas e dos fundos.

A carta foi coordenada pela Oxfam, que estima que o continente africano perca 14 mil milhões de dólares de impostos anualmente, dinheiro suficiente, segundo o The Guardian, para pagar os cuidados de saúde que poderiam salvar a vida a 4 milhões de crianças cada ano e empregar professores suficientes para garantir a escolarização de todas as crianças do continente. Um estudo encomendado pela Tax Justice Network publicado recentemente revelou que, até ao final de 2014, foram desviados 12 biliões (milhões de milhões) de dólares das economias emergentes (encabeçadas pela Rússia e pela China) para contas de offshores.

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