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MSF alerta para péssimas condições de vida dos refugiados na Grécia

Os Médicos Sem Fronteiras criticam duramente a política de acolhimento de refugiados da UE e a falta de capacidade da Grécia e das ONG em dar condições aos refugiados que continuam presos nas ilhas em acampamentos sobrelotados.

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, os Médicos Sem Fronteiras criticam duramente a política de acolhimento de refugiados da UE e a falta de capacidade da Grécia e das ONG em dar condições aos refugiados que continuam presos nas ilhas em acampamentos sobrelotados.

"As autoridades gregas, a União Europeia e as organizações humanitárias fracassaram no estabelecimento de condições de receção dignas e humanas, na garantia de proteção e na entrega de ajuda humanitária em condições adequadas”, afirma o comunicado.

A ONG pede a Atenas que encontre alternativas ao encaminhamento dos refugiados para estes acampamentos e mais coordenação entre serviços para dar resposta às necessidades humanitárias. E chama a atenção em particular para a fragilidade do sistema de saúde grego, que limita o acesso dos refugiados a cuidados hospitalares.

A falta de identificação de refugiados em situação de vulnerabilidade é outra das falhas do sistema de acolhimento, apontam os Médicos Sem Fronteiras, defendendo que as vítimas de violência e maus-tratos e os refugiados que padecem de mobilidade limitada, doenças crónicas ou perturbações psiquiátricas devem ser identificados e encaminhados para instalações apropriadas ao seu tratamento. “Hoje em dia, as mulheres têm alta do hospital dois dias após darem à luz, para regressarem aos acampamentos com poucas condições de higiene”, diz um responsável pelo apoio médico dos MSF na Grécia, Apostolos Velzis.

“Pelo segundo ano seguindo, o Inverno aproxima-se e as famílias, dos recém-nascidos aos idosos, não têm um abrigo em condições”, diz o chefe de missão dos MSF na Grécia, Loic Jaeger, chamando a atenção para a falta de coordenação e preparação para responder à chegada do tempo frio.

Apesar das centenas de milhões de euros entregues ao governo grego e às ONG internacionais, a resposta humanitária aqui na Grécia continua a ser inaceitavelmente lenta”, o que “deixa milhares de pessoas vulneráveis sem a assistência de que precisam desesperadamente”, acrescentou Jaeger.

Autarca de Lesbos propõe rede de municípios para tirar refugiados das ilhas

O fim destes grandes campos de refugiados nas ilhas também foi defendido esta terça-feira num encontro em Bruxelas pelo autarca de Lesbos, ilha onde se encontram 15 mil refugiados.

Spyros Galinos criticou a abordagem da União Europeia ao problema, que consiste em manter presas milhares de pessoas em acampamentos nas ilhas, sem condições e sobrecarregando os serviços públicos locais, à espera de uma resposta ao pedido de asilo que pode demorar 18 meses ou da devolução para a Turquia.

Em alternativa, o autarca propõe a criação de uma rede de municípios, primeiro na Grécia e depois ao nível europeu. “Há alguns milhares de municípios, e se cada um tiver uma pequena instalação podíamos enfrentar este problema sem um peso adicional nas nossas sociedades e assim travar as vozes racistas e fascistas”, sublinhou.

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