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Morreu Paulo Varela Gomes

Morreu, neste sábado de manhã, o escritor e historiador Paulo Varela Gomes. Foi professor e cronista de vários jornais e revistas. Foi também ativista político de esquerda. Em 2015, publicou o texto “Morrer é mais difícil do que parece”.
Paulo Varela Gomes (1952-2016)

Paulo Varela Gomes faleceu neste sábado de manhã, tinha nascido em 1952. Era licenciado em história pela Universidade Clássica de Lisboa, mestre em história pela Universidade Nova de Lisboa, doutorado em história da arquitetura pela Universidade de Coimbra e professor associado na Universidade de Coimbra.

Foi também ativista político de esquerda. Tendo sido militante do PCP, foi posteriormente fundador da Política XXI, com Miguel Portas, e, mais tarde, do Bloco de Esquerda, de que foi membro durante um curto período. Em 2010, declarava “Portugal, a Grécia, a Irlanda são apenas o elo mais fraco da cadeia, aquele que parte mais depressa. É a Europa inteira que vai entrar em crise”.

Com um cancro há quatro anos, publicou na revista Granta o texto “Morrer é mais difícil do que parece”, um testemunho corajoso e significativo sobre os “mais de mil dias de vida”, decorridos desde que lhe fora detetado o cancro.

“A vida é muito menos cheia de prosápia do que a morte. É uma espécie de maré pacífica, um grande e largo rio. Na vida é sempre manhã e está um tempo esplêndido. Ao contrário da morte, o amor, que é o outro nome da vida, não me deixa morrer às primeiras: obriga-me a pensar nas pessoas, nos animais e nas plantas de quem gosto e que vou abandonar”, referia neste texto acessível no blogclubedeleitores.com.

Paulo Varela Gomes escreveu o livro de crónicas “Ouro e Cinza” e os romances “O Verão de 2012”, “Hotel”, “Era Uma Vez em Goa” e “Passos Perdidos”. O seu livro “Hotel” ganhou o Prémio PEN Narrativa em 2015. Era cronista do jornal “Público”. Foi delegado da Fundação Oriente, em Goa, de 1996 a 1998 e de 2007 a 2009.

Na notícia do seu falecimento, António Guerreiro, no site do jornal “Público”, refere que Paulo Varela Gomes se despediu da Universidade em 2012, devido à doença, com uma Última Lição, com o título Do Sublime em Arquitetura. Sobre esta lição, o seu colega Jorge Figueira escreveu um elogio onde o classificava como um enfant terrible e um troublemaker.

Paulo Varela Gomes era filho do anti-fascista João Varela Gomes, que chefiou o assalto ao quartel de Beja, em 1962. No blogue entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt, Joana Lopes lembra que Paulo Varela Gomes, no seu texto “Aquilo que é necessário” – escrito a propósito do 50º aniversário do Golpe de Beja, sublinhou: “A iniquidade não pode vencer.”

O funeral realiza-se neste domingo, 1 de maio, da capela de Podentes, concelho de Penela, para o cemitério local, depois de uma missa de corpo presente, às 15.30h.

À família e amigos, o esquerda.net manifesta as mais sentidas condolências.

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