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Morreu Larry Kramer, histórico ativista pelos direitos das pessoas com VIH

Kramer ficou para a história do ativismo na área do VIH e SIDA pelo seu trabalho e fundação da Act Up, tendo servido de exemplo e mote para os movimentos políticos pelos direitos das pessoas com doença. Era também um reputado dramaturgo.
Larry Kramer tinha 84 anos.
Fotografia de Act Up NY.

Larry Kramer foi um dos fundadores da organização Gay Men’s Health Crisis, em 1981, a primeira organização comunitária de apoio às pessoas infetadas pelo VIH e SIDA numa altura em que a infeção ainda não tinha nome e era apelidada de “cancro gay". Posteriormente, em 1987, afasta-se da organização por considerar que o seu trabalho era insuficiente e “cobarde”, devido à ausência de denúncia da inação das autoridades políticas e de saúde no combate ao VIH. 

Criou no mesmo ano a Act Up, um coletivo que iria ficar para a história não apenas do combate ao VIH e SIDA, mas de toda a organização política de pessoas com doença. A Act Up organizava protestos públicos e politicamente agressivos, tendo por exemplo bloqueado o funcionamento de ministérios e criado um cemitério à porta da Casa Branca. O objetivo era sempre tornar visível o rosto das pessoas a morrer com SIDA, exigir ação por parte do governo dos Estados Unidos da América na criação de medicação que ajudasse a combater o vírus do VIH e o fim da discriminação dos homens gay e de todas as pessoas infetadas. A história da Act Up ficaria registada no documentário United in Anger.

Numa altura em que o Governo de Reagan ignorava o VIH por considerar que esta era apenas uma infeção que afetava homens homossexuais, utilizadores de drogas e pessoas que fazem trabalho sexual, Larry Kramer alertava para o facto de se tratar de uma infeção sexualmente transmissível que poderia atingir qualquer pessoa e responsabilizava o Presidente e demais responsáveis políticos pelos milhares de mortos no país. 

Profissionalmente, Kramer era um reconhecido dramaturgo, autor da peça “Um Coração Normal”, premiada com um Tony, na Broadway, e com um Emmy e um Globo de Ouro na adaptação cinematográfica. A peça é considerada pelo Royal National Theatre of Great Britain como uma das cem melhores peças de teatro do século XX.

Todo o seu trabalho tinha uma forte carga política e de denúncia de situações de discriminação, em particular relacionadas com a orientação sexual e estatuto serológico para o VIH. Entre elas, destaca-se o ataque a Ronald Reagan em "Just Say No, a Play about a Farce” (1988), “Faggots” (1978), "The American People - Search for My Heart" (2015) e "The American People: The Brutality of Fact” (2020).

Larry Kramer faleceu de pneumonia. Vivia com VIH há mais de três décadas e com várias das doenças associadas à infeção.

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