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Mina de lítio na Estremadura espanhola causa protestos

A bacia do Tejo será afetada dizem os ambientalistas locais. Os efeitos vão desde “o grave risco para a saúde dos moradores, o impacto no meio ambiente e a destruição do desenvolvimento sustentável” da região Cáceres, perto da fronteira com Portugal.
Manifestação contra a mina de Cañaveral. Foto de Plataforma No a la Mina de Cañaveral/Facebook.
Manifestação contra a mina de Cañaveral. Foto de Plataforma No a la Mina de Cañaveral/Facebook.

A Lithium Iberia, ex-Jesampa, pretende construir na Estremadura espanhola uma fábrica de baterias em Badajoz e uma mina em Las Navas, no concelho de Cañaveral, em Cáceres. Segundo o projeto, a mina avançaria primeiro. Durante seis dos 19 anos de vida útil, a extração seria a céu aberto. Anuncia-se uma produção de 2,3 milhões de toneladas de minerais, sobretudo lítio, uma criação de 400 empregos diretos e promete-se, no final, uma “restauração completa” do ambiente atingido.

São argumentos que não convencem pelo menos as mais de 31.000 pessoas que já assinaram o abaixo-assinado contra a exploração mineira nesta região.

Para além deste abaixo-assinado, a Plataforma “No a la Mina de Cañaveral, organizou também uma marcha de protesto que percorreu oito quilómetros entre Grimaldo, a zona mais afetada e a sede do município local. Os ambientalistas questionam “o grave risco para a saúde dos moradores, o impacto no meio ambiente e a destruição do desenvolvimento sustentável de Cáceres”.

No abaixo-assinado que estão a promover explicam que o terreno em que se pretende construir a mina é de “alto valor ecológico”, fazendo a ligação entre várias zonas protegidas que ficam a escassos quilómetros, algumas parte da Rede Natura 2000. Nele habitam “muitas espécies incluídas no Catálogo de Espécies Ameaçadas da Estremadura”, algumas mesmo na categoria de “perigo de extinção”. Explicam ainda que o projeto mineiro “provocaria a destruição de habitats e a contaminação da bacia dos rios Alagón e Tejo, aos quais iriam parar os resíduos tóxicos da mina.

Para além disto, mais de 2.000 azinheiras e sobreiros serão destruídos, defendem. A mina necessitaria de 400.000 m3 de água por ano, podendo esgotar “os escassos recursos hídricos” locais. E contaminaria também águas superficiais e subterrâneas.

Levantam-se ainda preocupações sobre o destino dos materiais extraídos e não utilizáveis que seriam depositados numa zona de 150 hectares a 600 metros de Grimaldo. O projeto da empresa refere a existência de tântalo e nióbio, minerais “potencialmente perigosos por apresentarem um potencial radioativo”. E para o tratamento dos minerais extraídos também serão utilizados produtos “muito tóxicos” como o ácido sulfúrico e o ácido clorídrico.

Para além dos perigos ambientais, é previsto que a exploração se situe a 250 metros do núcleo urbano de Grimaldo, afetando negativamente esta população. Contesta-se a ideia dos 400 empregos diretos, contrapondo que seriam poucos, de baixa qualificação e “não compensariam a longo prazo os estragos feitos” noutros setores económicos fundamentais para a região como a agricultura e a criação de gado. Também a ideia de um “desenvolvimento turístico sustentável” fica posta em causa. Sobre outra das promessas, a de restauração da zona, lembram que muitas explorações mineiras “abandonam as zonas sem realizar os trabalhos de re-vegetação ou de correção de impactos ambientais”. Por tudo isto, salientam, trata-se de um exemplo de “desenvolvimento não sustentável”, em benefício da indústria automóvel e cujo custo será pago pelo meio ambiente e pelas populações locais.

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