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Milhares de pessoas mostraram um cartão vermelho ao governo PSD/CDS-PP

Várias cidades portuguesas foram palco este sábado de manifestações contra a política austeritária do Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda acusou o Governo de levar o “medo” aos locais de trabalho. O líder da CGTP apelou à mobilização contra as políticas do executivo.
Foto de Mário Cruz, EPA/Lusa.

A CGTP-IN promoveu este sábado manifestações em todos os distritos do país, e também nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, contra as políticas austeritárias do governo PSD/CDS-PP, e o consequente empobrecimento da população, exigindo novas políticas económicas e sociais.

Em Lisboa, a manifestação teve início no Cais do Sodré e terminou nos Restauradores, onde o líder da intersindical, Arménio Carlos, proferiu o discurso de encerramento.

“PSD e CDS-PP salvaguardam interesses da alta finança”

O secretário-geral da CGTP-IN afirmou que “PSD e CDS-PP já provaram que a salvaguarda dos interesses da alta finança se sobrepõem a quaisquer outros, mesmo que estejam em jogo direitos humanos fundamentais”.

“Não há saídas limpas com mais de um milhão e 400 mil pessoas sem emprego, uma dívida incomportável, juros insuportáveis e um Tratado Orçamental que visa amarrar-nos a uma política que corta no investimento, reduz as funções sociais do Estado e fomenta o empobrecimento, para aumentar a exploração e as desigualdades”, frisou Arménio Carlos.

O dirigente sindical reforçou a necessidade de aumentar o Salário Mínimo Nacional para 515 euros. “Esta reivindicação é tanto mais justa quando, se o valor do SMN fosse atualizado de acordo com a inflação desde 1974, neste momento já teria atingido os 584 euros”, referiu, apelando à participação na Petição Pelo Direito ao Emprego e à Proteção Social no Desemprego, que se vai assumir como um “instrumento para a luta”.

Arménio Carlos defendeu que as próximas eleições europeias devem servir para “mostrar um cartão vermelho” ao Governo e anunciou novas “lutas” para o mês de março, apelando à mobilização.

“Na semana de 08 a 15 de março, sob o lema ‘basta de injustiças e desigualdades’ e que assumirá uma ampla expressão nos locais de trabalho dos setores público e privado, com greves, e paralisações e outras ações em todo o país, tendo como objetivo central a resolução dos problemas que afetam a vida dos trabalhadores”, anunciou Arménio Carlos, referindo ainda a “luta específica” marcada para 08 de março, Dia Internacional da Mulher.

Segundo o secretário-geral da CGTP-IN, é “preciso” também intensificar durante fevereiro uma luta permanente sobre as questões laborais e sublinhou a importância de “uma luta” até ao dia das eleições.

“Uma luta que temos de levar até ao voto, fazendo das próximas eleições para o Parlamento Europeu um momento para mostrar o cartão vermelho aos que, lá como cá, estão comprometidos com a política que inferniza a nossa vida e hipoteca o desenvolvimento do país, fazendo também do voto uma arma para uma alternativa de esquerda e soberana”, salientou.

O Governo está a levar o “medo” aos locais de trabalho

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou o Governo de estar a levar o “medo” aos locais de trabalho.

“O que nós vemos é que o programa de ajustamento é uma desculpa da direita para retirar direitos ao trabalho e hoje, quando o Governo faz propostas atrás de propostas para que os despedimentos sejam sem justa causa - tal como conhecemos -, há essa nova proposta sobre a avaliação de desempenho que nem sequer existe na maior parte das empresas”, afirmou a dirigente bloquista.

Segundo Catarina Martins, isto significa que, “de uma forma arbitrária e em função do chefe do momento, voltamos ao baixo salário e à época do medo em que não há democracia nos locais de trabalho”.

A deputada do Bloco de Esquerda lembrou também que continuam a ser destruídos postos de trabalho de 35 e 40 horas semanais e os “únicos postos que estão a crescer” são os estágios, e o subemprego.

“O Governo e a ‘troika’ (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) disseram que era preciso um programa de ajustamento para resolver os problemas estruturais do país e a verdade é que chegamos agora - quase três anos depois - e nenhum problema estrutural foi resolvido. Pelo contrário, todos se agravaram”, acrescentou.

“Portugal tem hoje maior défice de educacional do que tinha, tem hoje menos emprego e menos salários, tem menor proteção social, tem mais desigualdade e o que o programa de ajustamento fez foi destruir em menos de três anos o equivalente a quase uma década”, afirmou ainda Catarina Martins em declarações à agência Lusa.

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