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Microplásticos: cada pessoa ingere 50 mil partículas por ano

Cada pessoa ingere em média 50 mil partículas de microplásticos e inala outras tantas. É uma estimativa inicial publicada esta semana na revista Environmental Science and Technology, num meta-estudo que reúne e sistematiza os dados de 26 estudos anteriores e faz a primeira estimativa da ingestão de microplásticos por humanos. De efeitos adversos na saúde ainda pouco se sabe, pois só agora os cientistas começam a investigar a questão.
Os microplásticos são as partículas minúsculas que resultam da desagregação do plástico: largado na natureza, o plástico fragmenta-se pela ação dos elementos em partículas cada vez mais pequenas. Quando estas têm um comprimento inferior a 5 milímetros, são consideradas microplásticos. Quimicamente, continuam a ser plástico, mas com a sua pequena dimensão esta partículas introduzem-se em locais antes inacessíveis, por exemplo nos organismos vivos.
Nos últimos anos, os cientistas começaram a conseguir detetar melhor os microplásticos. Multiplicaram-se desde então os artigos a descobrir estas partículas no solo, nos rio, nos oceanos, na atmosfera. Outra linha de investigação começou a detetá-las em alimentos de consumo humano, como a água (de torneira e engarrafada), peixes e mariscos, sal, cerveja, entre outros. Em outubro do ano passado, um artigo detetou-as pela primeira vez em fezes humanas, confirmando a hipótese de que o organismo humano as ingere.
O meta-estudo agora publicado pega nos dados de trabalhos anteriores sobre os níveis de microplásticos na atmosfera e numa série de alimentos (peixes, moluscos, açúcar, sal, cerveja, água), nas diretrizes públicas sobre alimentação dos EUA, e a partir destas duas fontes faz uma estimativa sobre quantas partículas cada pessoa ingere num ano: 50 mil para os adultos, 40 mil para as crianças. Esta estimativa é preliminar e por baixo, pois o conjunto de alimentos testados é muito reduzido em relação ao que um cidadão médio consome. A haver revisões ao número, acrescentando estudos sobre outros alimentos, será para cima.
Kieran Cox, um dos autores do estudo, enfatizou que os resultados devem estimular mais investigação sobre o tema mas não alarmismos excessivos, pois os efeitos dos microplásticos na saúde não são conhecidos. É possível que causem problemas de saúde, é também possível que o organismo humano os processe sem grandes problemas — tudo está em aberto e em investigação nesta fase. Uma fonte de microplásticos já bem estudada é a água engarrafada: quem a consome está exposto a 130 mil partículas por ano, 22 vezes mais que as 4 mil partículas de quem consome água da torneira. Não fiando, Cox afirmou ao Guardian que após este trabalho tinha passado a beber muito mais água da torneira.
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