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McDonalds atira precários para o desemprego em período de pandemia

Bloco acusa grandes empresas de falharem na sua responsabilidade social. Deputados questionam o Governo sobre a fiscalização da ACT e da disponibilidade para obrigar empresas a recontratar as pessoas despedidas.
Balcão McDonalds, Mike Mozart / Flickr

A multinacional McDonald's junta-se ao grupo de grandes empresas que lançam trabalhadores e trabalhadoras precárias para o desemprego em tempos de pandemia e de Estado de Emergência. A denúncia chegou do concelho de Leiria, referente ao estabelecimento localizado no Lis Shopping, onde terão sido despedidas cerca de 20 pessoas, algumas ainda estavam em período experimental, outras foram notificadas da não renovação de contrato. O portal despedimentos.pt já tinha denunciado os abusos laborais da McDonald's anteriormente, num caso com origem em Vila Real. Segundo os denunciantes, os trabalhadores foram coagidos e forçados a férias não desejadas, depois de vários dias a trabalhar sem condições básicas de proteção da sua saúde. A “a gerência do restaurante recusou-se a fornecer material de proteção individual como máscaras e luvas, deram a opção aos funcionários de fazerem máscaras a partir de guardanapos com elásticos agrafados nas pontas”, relatava a denúncia.

Em comunicado emitido hoje, a Comissão Coordenadora Distrital de Leiria do Bloco de Esquerda, acusa grandes empresas de falharem na responsabilidade social ao praticarem despedimentos massivos no atual momento de pandemia e de Estado de Emergência. Exemplifica com a McDonalds, mas também com a Roca, que já despediu cerca de 300 pessoas em Leiria, ou a Vipex, na Marinha Grande. Além da ilegalidade de muitas práticas denunciadas, salienta-se ainda que muitos despedimentos, como é o caso da Roca, “precedem uma entrada em lay-off para os restantes trabalhadores”. Empresas que acumulam lucros avultados durante décadas atiram os precários para o desemprego e, simultaneamente, recebem apoios públicos para melhor ultrapassar dificuldades.

O Bloco de Esquerda apresentou hoje uma pergunta à Ministra do Trabalho, por intermédio dos deputados Ricardo Vicente e José Soeiro, questionando o Governo da sua disponibilidade “para instruir a ACT a fiscalizar as entidades empregadoras denunciadas” e, também, para “obrigar à recontratação de todos os trabalhadores despedidos por empresas que recebam apoios públicos resultantes de medidas extraordinárias do Estado de Emergência sob pena desses apoios lhes serem cortados”. Segundo os deputados, em consequência das várias medidas excecionais que visam a contenção do surto covid-19, “geraram-se diversas dificuldades económicas para o tecido empresarial, mas em especial para trabalhadores e trabalhadoras precárias, que são mais vulneráveis em todos os sentidos. Além de mais facilmente despedidos, por insuficiência da legislação, a sua condição precária é frequentemente acompanhada de baixos salários, tendo por isso menos capacidade de atravessar os períodos de desemprego, em especial na atual situação de pandemia, em Estado de Emergência.”

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