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Marisa Matias: “Não acredito na diplomacia dos negócios”

Marisa Matias esteve esta quinta-feira no ISCTE, onde, desde temas como as relações internacionais ao seu papel enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, respondeu a várias perguntas colocadas por estudantes daquela instituição.
Foto de Paulete Matos

Questionada sobre qual seria a sua primeira ação diplomática, e em particular sobre as relações com Angola, respondeu que não é favorável  a “relações diplomáticas que se baseiem nos negócios e que coloquem atrás dos negócios os direitos humanos e os direitos fundamentais”, nomeadamente a liberdade de expressão e a democracia. A candidata respondeu assim que não acredita “na diplomacia dos negócios”, mas numa diplomacia cujo principio regente seja a cooperação “assente em valores comuns”.

Sobre os compromissos internacionais que Portugal tem de cumprir, Marisa Matias respondeu que “o quadro jurídico tem de ser construído num contexto que não pode pôr em causa os direitos democráticos e os direitos mais básicos de cada um dos países da União Europeia, logo, se há alguma legislação europeia que põe isso em causa, a única coisa que se pode dizer é que nada se pode sobrepor à Constituição da República, e o que tem de prevalecer nesse diálogo é o que está inscrito na nossa lei fundamental e não o contrário”. A candidata considerou que “não é razoável achar-se que pode existir uma construção ou integração, seja ela qual for, se ela for feita à custa da destruição de direitos básicos e da democracia”. 

Pela sua experiência enquanto eurodeputada, em que lida diariamente com negociações complexas, que por sua vez requerem várias convergências, afirmou poder “trazer um conhecimento que nenhum outro/a candidato/a tem sobre Portugal visto a partir de fora e sobre como nos devemos relacionar com as instituições europeias e internacionais”, algo que considera fundamental “porque o nosso país tem sido demasiadamente atacado, tem havido demasiada chantagem com base em pressupostos falsos e é preciso defender a democracia, a soberania e a dignidade”.

“Não se constrói futuro fazendo como até agora. É preciso uma mudança de fundo, e as instituições não são exceção, penso mesmo que é por onde deve começar”, frisou.

Sobre a participação das mulheres na vida política, esclareceu que, enquanto Presidente da República, procura representar “a sociedade no seu conjunto e os interesses coletivos no seu conjunto”, mas “se puder ser uma voz para defender os direitos das mulheres” não se inibirá de o fazer, pelo longo caminho que ainda há a percorrer na questão das igualdades de género. 

A candidata comentou, também, uma questão relacionada com o exercício  das funções de Comandante Supremo das Forças Armadas, inerente ao cargo de Presidente da República, em que esclareceu que não se opõe “a missões de paz em que as forças militares possam servir para fins civis”, mas não acredita “na guerra como resposta à guerra, nem que se possa honrar mortes provocando mais mortes”, tendo sido peremptória a afirmar “não contem comigo para enviar tropas para nenhuma guerra”.

Sobre a existência de várias candidaturas à esquerda e apenas uma à direita, Marisa Matias considerou que a pluralidade é uma virtude e “um factor que contribui para que possamos romper com o ciclo de continuidade”. Lembrou, igualmente, que a multiplicidade de candidaturas à esquerda, à medida que foram aparecendo, "foi diminuindo a percentagem de intenção de voto no candidato da direita à primeira volta", e que as legislativas provaram que “não foi por haver várias candidaturas que não se juntou o que era preciso juntar para se ter uma solução comum para o país”.

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