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Marisa Matias ao Expresso: “Desobedecer à austeridade é desobedecer a Bruxelas”

A declaração da eleita do Bloco de Esquerda e cabeça de lista do partido às eleições europeias de Maio sublinhou que a inclusão de elevado número de independentes no elenco de candidatos parte do princípio de que “para envolver pessoas nas decisões que afetam as suas vidas não é preciso que sejam militantes partidárias”. “As pessoas da lista”, disse Marisa Matias, “estiveram na linha da frente na luta contra a austeridade, desde os reformados aos precários inflexíveis, deficientes e imigrantes”. A entrevista da candidata do Bloco de Esquerda foi publicada na edição deste sábado do semanário Expresso.
Marisa Matias considera que em Portugal “a direita ganhou a batalha do senso comum” porque há muitas pessoas “que acreditam que viveram acima das suas possibilidades quando o que aconteceu foi a prática de baixos salários e de facilitação de crédito para manter os salários baixos”. De qualquer modo, acrescentou, “não há coincidência entre a maioria social e política”, sublinhou.
“Estas eleições são um ajuste de contas”, salientou a eurodeputada, porque será “um momento em que um voto de um pensionista e de um desempregado valerá tanto como o de Passos Coelho”. Nestas eleições, romper com o círculo de austeridade significa instalar “uma maioria de esquerda no Parlamento Europeu, “embora sem saber se socialistas e sociais democratas se chegam à esquerda ou continuam a fazer convergência ao centro”.
“Resgatar a política, que tem estado raptada pelos mercados” é um dos caminhos para “evitar a destruição da principal imagem de marca do projeto europeu, o Estado social, que é o objetivo básico da política de austeridade”, afirmou Marisa Matias.
Em relação a Portugal, disse, “não haverá saída limpa nem programa cautelar enquanto houver tratado orçamental”, que é “a continuação da troika depois da troika”. A crise tem antes “de ser resolvida de forma solidária, porque a União Europeia continua a ser a região mais rica do mundo”.
Marisa Matias não acredita no desanuviamento da economia portuguesa que tem vindo a ser anunciado pelos números oficiais. “Continuamos mais pobres”, disse, “porque o crescimento que se anuncia é feito num país cuja economia encolheu muito nos últimos três anos”.
A candidata do Bloco de Esquerda anunciou que fará igualmente campanha ao nível europeu no âmbito da candidatura do dirigente grego Alexis Tsipras a presidente da Comissão Europeia apresentada pelo Partido da Esquerda Europeia – de que Marisa Matias é uma das vice-presidentes. No quadro da campanha, a eurodeputada anunciou a realização em Abril de uma conferência em Bruxelas subordinada ao tema “juntos podemos por fim aos problemas da dívida e da austeridade”.
Estarão presentes pessoas de mais de 20 países, explicou Marisa Matias, e em cima da mesa estará a discussão de planos de reestruturação da dívida dos países sobre endividados da União Europeia – uma vez que a necessidade de renegociação da dívida se impõe cada vez mais politicamente. A candidata do Bloco de Esquerda anunciou que a discussão terá como base inspiradora a conferência da dívida de 1953, que estabeleceu a reestruturação da dívida alemã do pós-guerra.
Artigo publicado no site do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu.
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