You are here

Mariana Abrunheiro recria génio de Carlos Paredes

Mariana Abrunheiro apresenta no próximo dia 25 de maio, no Teatro Cinearte, em Lisboa, o seu mais recente álbum, o CD/livro 'Cantar Paredes', com o pianista Ruben Alves.
Mariana Abrunheiro. Foto Sandra Bernardo.

Este recital de voz e piano será apresentado por Rui Pina Coelho, um dos colaboradores desta recente edição “Cantar Paredes”.

A cantora Mariana Abrunheiro disse à Lusa que “foi um desafio fazer um disco de [Carlos] Paredes sem guitarra", pois "ele, como compositor, é muito, muito inspirado", facto "um pouco escondido pelo instrumentista gigante que era".

Mariana Abrunheiro disse ainda que o livro/CD “Cantar Paredes” se constitui como "uma tertúlia", à qual cada um dos participantes foi chamando, pois "a vontade foi celebrar Carlos Paredes, que é o centro de tudo isto".

Em relação ao CD, a cantora disse que "o centro é o mestre Carlos Paredes, ele é que é a frente, e lembrei-me de estender [o projeto musical] a outros artistas, e a ideia foi que as composições que eu escolhi, fossem também inspiração para os textos e fotografias de outros criadores, que fizessem o seu 'Sede e morte', 'Verdes anos', e por aí".

Sete composições de Paredes

Para este trabalho, Mariana Abrunheiro escolheu sete composições de Carlos Paredes : “Sede e morte”, “Verdes anos”, “Mudar de vida”, “Fado moliceiro”, “António Marinheiro”, “Canto de embalar” e “Em memória de uma alentejana assassinada”, composição a que associou 'Cantar alentejano', de José Afonso, músico que chegou a partilhar o palco com Carlos Paredes.

Refira-se que este tema conta com a participação do grupo coral Estrelas do Sul, de Portel, no Baixo Alentejo, e da harpista Ana Isabel Dias. O texto é da autoria da historiadora Irene Flunser Pimentel e a fotografia de Lara Jacinto.

Paredes regressa na voz de Mariana Abrunheiro.

Por iniciativa da cantora, cada tema inspirou um texto e uma fotografia e, em cada um, à formação de base, de voz e piano, juntaram-se diferentes instrumentos, por iniciativa da cantora.

Desta forma, “Sede e morte” conta com a participação do contrabaixista Carlos Bica, “Canto de embalar”, com letra de Pedro Ayres de Magalhães, inclui o oboísta David Costa, e "António Marinheiro", tem a participação de Jon Luz, no cavaquinho.

Por seu turno,  "Verdes anos", com letra de Pedro Tamen, teve a participação do percussionista Pedro Carneiro, e "Fado moliceiro", com letra de José Carlos Ary dos Santos, com o virtuosismo do violoncelista Jaques Morelenbaum.

Os fotógrafos Eduardo Gageiro, Rodrigo Amado, Lara Jacinto, Jordi Burch e João Tabarra fazem também parte deste projeto.

Negando qualquer significado filosófico ou sagrado, por ter escolhido interpretar sete temas de Paredes que inspiraram sete autores e outros tantos fotógrafos, Mariana Abrunheiro afirmou que "só queria preparar os temas quando tivesse autorização dos herdeiros, que tinham de o fazer, pois há uma adaptação para voz, que nunca tinha sido feita, e para outros instrumentos, desde logo o piano", que está presente em todas as composições. E acrescentou: “Sete é um número mágico, mas foi uma coincidência [a escolha de sete temas], como o facto de [o álbum] ser editado no ano em que Carlos Paredes completaria 90 anos, se fosse vivo, porque o projeto começou a ser preparado com Ruben Alves, em 2014”.

De acordo com a cantora, Carlos Paredes "é um dos compositores mais inspirados do século XX a par do [argentino Astor] Piazzolla e do [brasileiro Heitor] Villa-Lobos, que se inspiram na música do seu país para fazer uma obra erudita, que vai muito mais além da canção em si".

Desta forma, afirmou que quis celebrar o "compositor genial que [Carlos Paredes] é", e que, "às vezes, é como se ficasse um pouco escondido pelo instrumentista gigante que era".

"As suas composições são maiores e têm de se ouvir, e gostaria muito que meu CD/livro incentivasse ou levasse ao estudo, nas escolas, da obra de Paredes, e não estudassem apenas guitarra portuguesa", acrescentou.

“Cantar Paredes”-editado pela Boca-Palavras que Alimentam-além da voz de Mariana Abrunheiro e do piano de Ruben Alves, conta com participações de outros músicos, entre os quais o contrabaixista Carlos Bica, e de fotógrafos como Jordi Burch e Duarte Belo, assim como da historiadora Irene Flunser Pimentel, do escritor Gonçalo M. Tavares e do jornalista Adelino Gomes, que assinam textos que acompanham cada uma das composições, enquanto o posfácio é de Daniel Abrunheiro.

Mariana Abrunheiro e Ruben Alves apresentam em estreia, no próximo dia 3 de julho, um novo recital que será incluído na programação "Jardim de Verão-60 anos", da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Termos relacionados Cultura
(...)