O líder do maior partido da oposição, o CHP, arrancou para esta marcha há 25 dias e percorreu várias localidades do país a denunciar as leis de exceção que permitiram ao presidente Erdogan fazer uma purga no aparelho de Estado e enviar dezenas de milhares de pessoas para a prisão. 105 mil funcionários públicos foram simplesmente afastados de funções após o golpe militar falhado de julho de 2016.
Ao ritmo do slogan “Hak, hukuk, adalet” - “Direitos, lei e justiça” -, a marcha foi juntando milhares de pessoas pelo caminho e culminou num comício ao ar livre este domingo em Istambul, junto à prisão onde estão detidos deputados da oposição. Mais de um milhão de pessoas participaram na iniciativa deste domingo.
Mesmerizing scenes as over 1.5 million Turks chant "hak, hukuk, adalet." (rights, law, justice) at #AdaletMitingi pic.twitter.com/Dx3odwsFxi
— Mohamed Hemish (@MohamedHemish) July 9, 2017
O líder do CHP, Kemal Kilicdaroglu, defendeu esta sexta-feira num artigo publicado no Guardian que o direito humano básico à justiça foi retirado dos cidadãos turcos pelo “regime autoritário”, com os juízes imparciais a serem removidos dos cargos e acusados e “os advogados que representam opositores políticos a enfrentarem ameaças de prisão”.
Millions of people are here for justice! We need it, and we believe we'll get!#AdaletMitingi pic.twitter.com/BCWW6oRaiE
— Can Kaya (@cnkyche) 9 de julho de 2017
“As nossas prisões estão cheias: libertam-se criminosos para arranjar espaço para dissidentes políticos e jornalistas”, denunciou Kilicdaroglu, antes de concluir que espera que esta marcha seja só o início de um movimento pela justiça que se faça ouvir para além das fronteiras da Turquia.
Erdogan chama "terrorista" ao co-presidente do HDP preso durante as purgas
Tal como outros partidos da oposição, também o HDP, partido com forte implantação junto da população curda, se juntou a esta Marcha pela Justiça. O co-presidente e deputado do HDP está preso sob acusação de terrorismo e viu a última audiência cancelada por se recusar a ser algemado durante as horas de transporte até ao tribunal. Na cimeira do G-20 em Hamburgo, o presidente Erdogan substituiu-se aos juízes ao afirmar que Selahattin Demirtas “é um terrorista”, motivando protestos por parte do HDP.
“Ainda por cima, o facto de Erdogan ter dito na frase anterior a chamar terrorista a Demirtas, que ‘A Turquia é um país onde vigora o estado de direito’ e em seguida, ‘o poder judicial é independente’ é francamente notável: ele mente, em ambos os casos”, acusa o comunicado do HDP.
We strongly condemn Erdoğan's statement regarding #Demirtaş. History will tell who the terrorist is. #WeareDemirtaş https://t.co/9XqfNwspFo pic.twitter.com/0qtnOR28Jl
— HDP English (@HDPenglish) 8 de julho de 2017