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Luanda Leaks: João Lourenço afasta negociações com Isabel dos Santos

Em entrevista à Deutsche Welle, o presidente angolano nega ter Manuel Vicente com seu conselheiro e diz que “processos que estão em tribunal não são negociáveis fora do tribunal”.
João Lourenço. Foto da Presidência do Ruanda/Flickr

Na entrevista publicada esta segunda-feira pela Deutsche Welle, o presidente angolano João Lourenço fala do combate à corrupção em Angola e das consequências dos Luanda Leaks, começando por afastar os rumores de que estaria em curso uma negociação com Isabel dos Santos para que esta devolva o dinheiro exigido pelo Estado angolano em troca do abandono das acusações em tribunal.

“Essas informações são infundadas. Nós gostaríamos de deixar aqui garantias muito claras de que não se está a negociar. Mais do que isso, não se vai negociar, na medida em que houve tempo, houve oportunidade de o fazer. Portanto, as pessoas envolvidas neste tipo de atos de corrupção tiveram seis meses de período de graça para devolverem os recursos que indevidamente retiraram do país. Quem não aproveitou esta oportunidade, todas as consequências que puderem advir daí são apenas da sua inteira responsabilidade”, avisou João Lourenço, recordando que esse prazo terminou no fim de 2018. “Para além de que, processos que estão em tribunal não são negociáveis fora do tribunal”, acrescentou o presidente de Angola.

Questionado sobre a razão de não se investigar o ex-presidente José Eduardo dos Santos, João Lourenço aconselhou os jornalistas a estudarem a legislação angolana, que concede pelo menos cinco anos de imunidade ao chefe de Estado mas também ao vice-presidente do país. Em relação a Manuel Vicente, Lourenço diz que a transferência de Portugal para Angola do processo judicial que acusa de corrupção o ex-vice-presidente e líder da Sonangol “não significa absolvição”. Respondendo aos que o acusam de ter agora Vicente como seu conselheiro, João Lourenço diz que isso “é absolutamente falso”. “Aqueles que não queriam que o processo fosse transferido de Portugal para Angola é que inventaram esta mentira”, contrapõe.

Apesar de ter trabalhado de perto com Eduardo dos Santos ao longo das décadas em que este se manteve no poder, João Lourenço diz que isso é uma vantagem, argumentando que “quem está em melhores condições de corrigir o que está mal e melhorar o que está bem são precisamente aqueles que conhecem o sistema por dentro”. No fim da entrevista, deixa elogios aos que “de forma muito corajosa, apontaram o dedo a práticas muito nefastas que prejudicaram o nosso Estado e o nosso povo de forma significativa”. Incluindo alguns dos que foram presos por fazer essas denúncias.

“Estou a referir-me a grupo de ativistas, jornalistas e fazedores de opinião que, de forma muito corajosa, enfrentaram o poder naquela altura”, prosseguiu João Lourenço, referindo o exemplo do jornalista Rafael Marques, condecorado no ano passado.

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