Este sábado, o bairro da Torre, situado na vila de Camarate, e que, desde outubro de 2016, se encontra sem eletricidade, foi palco de uma festa de Natal. Conforme explicou à agência Lusa a presidente da associação Torre Amiga, Ricardina Cuthbert, o objetivo foi passar uma mensagem de esperança a estas famílias que se sentem abandonadas pelas entidades que tardam em resolver os problemas do bairro e em dar dignidade às 34 famílias que ainda ali residem.
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“Basicamente aqui vive-se como nos anos 60. Lavamos as roupas nos tanques e comemos à luz de velas”, assinalou Ricardina.
A presidente da Torre Amiga teceu críticas à Câmara Municipal de Loures por esta impedir os moradores de melhorarem as condições das suas habitações.
“Há uns tempos uma empresa ofereceu-nos material de construção, para que pudéssemos remodelar as nossas casas. A Câmara quando soube enviou cá a polícia e levaram-nos o tijolo”, sinalizou.
Ricardina Cuthbert garantiu, contudo, que os moradores mantêm a esperança de que possa nascer um “novo bairro da Torre”, com melhores condições para todos.
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“Aquilo que é desejável é que neste ou noutro terreno nos deixem a todos construir as nossas casas. Queremos viver todos juntos, pois quem saiu daqui sofre pela falta da convivência de anos”, frisou.
A autarquia, pela voz do adjunto do presidente da Câmara Municipal de Loures para a área social, Nuno Abreu, tentou justificar-se realçando que tem feito tudo o que está ao seu alcance para “erradicar as habitações precárias e dar condições de habitabilidade aos moradores”.
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“O nosso objetivo é encontrar soluções dignas para todos os casos. Temos estado em contacto direto com o Governo e com o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para encontrar uma solução, uma vez que a autarquia sozinha não consegue resolver”, afirmou.
No que concerne à falta de eletricidade, Nuno Abreu indicou que o município já pediu à EDP que arranje uma solução para o bairro.
Sobre a proibição da reabilitação das casas, o adjunto de Bernardino Soares vincou que o município terá uma tolerância zero face às tentativas de construir novas estruturas precárias.
Certo é que as famílias do Bairro da Torre se preparam para passar o terceiro Natal consecutivo à luz das velas.