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Lobos salvos de matança na Noruega

Numa cedência ao lóbi dos caçadores, o governo queria matar 25 lobos que vivem em zonas protegidas, apesar de não serem nenhuma ameaça. Desistiu depois de uma providência cautelar das associações de defesa dos animais ter sido aprovada.
Lobo na Noruega. Foto de  Birgit Fostervold/Flickr.
Lobo na Noruega. Foto de Birgit Fostervold/Flickr.

O governo norueguês anunciou que não iria avançar com o seu plano de permitir a matança de 25 lobos que vivem numa zona protegida, depois de vários grupos de defesa dos direitos dos animais terem levado o assunto a tribunal e conseguido aprovar uma providência cautelar para travar a decisão.

Estes animais, que pertencem a quatro diferentes alcateias, vivem naquilo que é designado como “uma zona de lobos”, uma área natural isolada. E a espécie é considerada como estando em perigo no país. Apesar disso, grupos de caçadores e lóbis da agricultura tinham pressionado para que o governo permitisse o abate. Estava assim previsto que, do total de cerca de 80 lobos existentes no país, 51 fossem mortos.

Os grupos de defesa dos animais dizem que “por este ano” os lobos que vivem nas “zonas de lobos” sobreviverão, mas que a ameaça permanece.

O problema não é exclusivo da Noruega. Também a Suécia e a Finlândia enveredaram pelo caminho da matança de lobos. Na Suécia esta aconteceu mesmo, tendo sido mortos 27 lobos, mas na Finlândia, na passada sexta-feira, também por ordem dos tribunais foi suspensa a licença para matar este ano três alcateias devido às violações das normas europeias.

O mesmo argumento foi avançado na Noruega por três organizações, a Noah, a WWF Noruega e a Associação Nossos Predadores, e venceu igualmente em tribunal. O país não faz parte da União Europeia mas está associado ao espaço económico europeu e subscreve a Convenção de Berna sobre a conservação da vida selvagem e dos habitats naturais.

Aliás, já no verão de 2020, a Noah tinha ganho em tribunal outro caso no mesmo sentido, depois de o governo ter decidido caçar uma família de lobos dentro da zona de proteção, considerando que era uma violação da Lei da Diversidade Natural e que o executivo não apresentara fundamentos suficientes para o fazer.

Siri Martinsen, dirigente da Noah, acusa o Partido do Centro, que faz parte do governo junto com o Partido Trabalhista, de querer acabar com os lobos: “eles não querem lobos na Noruega, sempre foram claros que os lobos não se devem reproduzir na natureza”, afirma, citada pelo Guardian.

Antes, ao mesmo órgão de comunicação social já tinha dito que “é uma situação horrorosa” porque “estão a matar lobos só porque algumas pessoas não gostam deles”, deixando a espécie num nível ainda mais crítico de sobrevivência.

O debate sobre o abate de lobos é forte nestes países. O governo norueguês tem tomado o lado das associações pecuárias e caçadores. Christian Anton Smedshaug, secretário de Estado do Clima e Ambiente, reproduz a argumentação destes: as matanças seriam apenas por controlo populacional uma vez que os lobos comprometem a produção de gado e a sua população teria de ser controlada desta forma. Por outro lado, os lobos caçam animais e isso reduz o número de animais disponíveis para os caçadores matarem.

Do lado dos defensores dos animais, Magnus Orrebrant, da organização Svenska Rovdjursföreningen, esclarece que “não há quintas perto das alcateias”, que “os lobos não criaram quaisquer problemas” nestes países. O fundo da questão? Vivem em zonas com populações grandes de alces que os caçadores pretendem caçar.

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