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Liz Truss é obrigada a recuar e demite ministro das Finanças

Sujeita a forte pressão dentro e fora do partido Conservador face ao seu plano ultraliberal, que incluía o corte de impostos para os mais ricos, a chefe de governo demitiu o ministro das Finanças britânico, Kwasi Kwarteng.
Liz Truss à chegada à residência oficial dos chefes de governo britânicos. Foto Simon Dawson / No 10 Downing Street

Liz Truss demitiu Kwasi Kwarteng, um importante aliado ideológico do Partido Conservador, após este regressar de uma cúpula do Fundo Monetário Internacional nos EUA. De acordo com a BBC, "é o segundo ministro das Finanças do Reino Unido com o mandato mais curto já registado".

A demissão é anunciada após uma vasta onda de contestação perante o mini-orçamento ultraliberal que incluía, entre outras medidas uma borla fiscal considerável, com o corte dos impostos aplicados aos mais ricos.

A primeira-ministra britânica, que já confirmou Jeremy Hunt, ex- ministro da Saúde e chefe da diplomacia do Reino Unido, como sucessor de Kwarteng, invocou o "interesse nacional" e a necessidade de estabilidade económica no Reino Unido para demitir o ministro das Finanças.

"A minha prioridade é garantir a estabilidade económica que o nosso país necessita. Foi por isso que tive de tomar as decisões difíceis que tomei hoje", explicou Truss em conferência de imprensa.

A chefe de Estado admitiu ter "imensa pena" de perder o "grande amigo" Kwarteng, que partilha a sua "visão de colocar" o Reino Unido "no caminho do crescimento".

As primeiras páginas da imprensa britânica deste domingo refletem o agudizar da crise política e o descontentamento nas bancadas do partido do Governo. De acordo com o Financial Times, Liz Truss deixará cair algumas das medidas "numa tentativa desesperada de reconstruir a confiança dos mercados" e garantir a sua sobrevivência no cargo.

O The Times e o Daily Mail referem as conspirações dentro dos 'tories' para derrubar Truss se esta não conseguir controlar a instabilidade económica e financeira registada nas últimas semanas. O Daily Mail, um dos maiores apoiantes do partido conservador entre os jornais nacionais, publicou, inclusive, uma primeira página altamente crítica na sua edição de sábado, levantando a questão: “quanto mais ela (e nós) pode aguentar?”

O líder trabalhista Sir Keir Starmer apelou a eleições gerais, enfatizando que o governo “está no fim do caminho”.

O The Guardian refere que uma sondagem da Savanta/ComRes revela que sete em cada 10 eleitores dizem que Truss não pode reconquistar a sua confiança e que a maioria apoiou a demissão de Kwarteng. Outra sondagem aponta para o apoio a uma eleição geral, inclusive entre os eleitores conservadores.

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