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Livro de Dulce Maria Cardoso candidato ao Prémio Femina

“Eliete - A Vida Normal”, da escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso, consta na lista de nomeados do prémio francês para a categoria de melhor romance estrangeiro. A história centra-se na vida de Eliete, uma mulher "mediana em tudo", insatisfeita com a vida e com o casamento.
Fotografia de Mário Cruz/Lusa.

A lista de candidatos à categoria de melhor romance estrangeiro do Prémio Femina foi divulgado no início desta semana e inclui entre eles “Eliete - A vida normal” da escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso. Os vencedores do prémio francês serão divulgados a 3 de novembro.

O livro “Eliete – A vida normal” é um dos 15 romances estrangeiros nomeados. Para além desta categoria, foram divulgados também os 18 candidatos ao prémio de melhor romance francês. 

“Eliete – A vida normal” é o quinto romance da escritora e centra-se numa mulher de meia idade, caracterizada pela mediania em tudo, casada e mãe de duas filhas, que se sente insatisfeita com a vida e com o casamento, e que, na procura de mudança – vontade desencadeada na sequência da hospitalização da avó, com sinais de Alzheimer – vira-se para as conquistas através da internet e das redes sociais, que no romance têm um papel central.

“A grande dificuldade destes tempos é fazer coincidir o eu digital com o eu real e ultrapassar o facto de nós estarmos sempre a ser avaliados”, disse a escritora em entrevista à agência Lusa, em 2018, aquando da edição de “Eliete – A vida normal”.

No romance, Eliete começa a ensaiar traições ao marido através da rede social Tinder, ideia através da qual a autora explora o dilema da traição e do adultério real e virtual.

Excellente nouvelle !!! "Eliete, la vie normale" de Dulce Maria Cardoso traduit par Élodie Dupau est dans la sélection...

Posted by Editions Chandeigne on Monday, 14 September 2020

O romance começa com uma referência a Salazar e termina com uma carta do ditador, que deixa em aberto o desenvolvimento do enredo no próximo volume. A avó de Eliete e a sua demência desempenham na história também um papel fundamental, por um lado, por uma questão metafórica, porque ela tem mais ou menos a idade dos anos que advêm da Segunda Guerra Mundial, e simboliza a demência de que padece o “corpo social”, que, esquecido da guerra, rapidamente se deixou arrastar pelo fascismo.

Publicado em Portugal pela Tinta-da-China, em França está traduzido como “Eliete – la vie normale” e foi editado em França pelas Editions Chandeigne, com tradução de Elodie Dupeau.

O Prémio Femina foi criado em 1904 por 22 colaboradores da revista feminina La Vie Heureuse e teve sempre um júri composto exclusivamente por mulheres, em protesto contra o júri do Prémio Goncourt, formado apenas por homens. 

Em 1985, foi criado o Prémio Femina Étranger, que inclui entre os vencedores Vergílio Ferreira, que em 1990 venceu o Prémio Femina Étranger com a tradução francesa de “Aparição”.

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