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Líder da petrolífera dos Emirados vai presidir à COP28

A próxima cimeira do Clima será presidida pelo ministro dos Emirados Árabes Unidos que preside à petrolífera estatal, uma das maiores do mundo.
Sultan Al Jaber. Foto ADNOC Group/Facebook

A notícia foi confirmada na quarta-feira pelo governo dos Emirados Árabes Unidos, o país anfitrião da próxima cimeira do clima: o presidente da cimeira será Sultan Al Jaber, o ministro que preside à Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), uma das maiores petrolíferas mundiais.

Para os ambientalistas, a decisão configura um óbvio conflito de interesses e a campanha Oil Change International compara-a a colocar um chefe da indústria tabaqueira a liderar um tratado anti-tabaco.

O porta-voz dos Emirados para a COP28, citado pelo Guardian, destaca o percurso de Al Jaber enquanto diplomata e líder da indústria das renováveis, o que faria dele a pessoa certa para "reunir o setor público e privado no sentido de trazer soluções pragmáticas para atingir as metas e aspirações do acordo climático de Paris".

Outra voz a surgir em apoio de Sultan Al Jaber foi o ex-primeiro-miistro britâico Tony Blair, que tem trabalhado nos últimos anos com o governo dos Emirados Árabes Unidos, apontando este país como um "líder no investimento climático e inovação".

Mas para Romain Ioualalen, diretor da campanha Oil Change International, as decisões de investimento tomadas pela ADNOC para os próximos anos farão desta empresa "a segunda maior responsável pela expansão mundial da produção de gás e petróleo", apesar dos alertas da ONU de que um aumento da produção é incompatível com a meta do aumento da temperatura global de 1,5°C em relação à época pré-industrial".

"A ADNOC irá certamente gabar-se dos seus investimentos em energias renováveis, mas a realidade é que as negociações climáticas irão ser presididas pelo CEO de uma empresa que aposta no fracasso climático. São as piores credenciais possíveis para um próximo presidente da COP", aponta Romain Ioualalen.

Pela Amnistia Internacional falou Chiara Liguori, conselheira para o clima desta ONG. Ela apela ao governo dos Emirados para reconsiderar a sua escolha, pois assim só veio "aumentar as preocupações de que os Emirados Árabes Unidos irão usar esta conferência para beneficiar os seus interesses nos combustíveis fósseis". Para reverter a situação, "Sultan Al Jaber deve demitir-se do seu cargo na petrolífera estatal e a liderança da COP28 deve incluir nas suas prioridades para a conferência o abandono progressivo dos combustíveis fósseis", defendeu esta ativista.

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