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Lançamento do livro "As classes populares", este sábado no Porto

O livro "As Classes Populares", de João Teixeira Lopes, Francisco Louçã e Lígia Ferreira, editado pela Bertrand Editora, é apresentado por Chalana este sábado na UNICEP (Porto), pelas 15h.
 A apresentação será conduzida por José António Pinto, "Chalana", este sábado na UNICEPE - Cooperativa de Estudantes Livreiros do Porto, pelas 15h.
A apresentação será conduzida por José António Pinto, "Chalana", este sábado na UNICEPE - Cooperativa de Estudantes Livreiros do Porto, pelas 15h.

O que é exatamente uma cultura popular? Como se define histórica e simbolicamente? E qual a sua função política na construção de ficções e mitos de representação das classes populares?

Para exemplificar o problema a que se procura responder, os autores expõem na introdução ao livro dois exemplos, um antigo e outro recente, de como uma "conceção estática, a-histórica e idealista" se mantém na construção do imaginário português.

O antigo vem de Jorge Dias, antrópologo do regime falecido em 1973, que definia "o português" como um "misto de sonhador e de homem de ação (...) a que não falta certo fundo prático e realista. A atividade portuguesa não tem raízes na vontade fria, mas alimenta-se da imaginação, do sonho, porque o Português é mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de reflexão."

O recente é Marcelo Rebelo de Sousa, que no discurso de tomada de posse "elogia as características intemporais do povo português": "Aqui se criaram e sempre viverão comigo aqueles sentimentos que não sabemos definir, mas que nos ligam a todos os Portugueses. Amor à terra, saudade, doçura no falar, comunhão no vibrar, generosidade na inclusão, crença em milagres de Ourique, heróismo nos instantes decisivos".

Ou seja, como respondem os autores, um povo português independente da história, das "pessoas de carne e osso", ou "da força dos acontecimentos e das encruzilhadas historicamente forjadas", e independente "das relações de forças dentro de uma sociedade.

"O nosso livro", definem os autores, "está nos antípodas desta conceção estática, a-histórica e idealista. O prisma que adotamos é o da análise das classes populares a partir do quotidiano, das suas condições concretas de existência e de subjetivação política e na relação conflitual com a burguesia. As classes populares são internamente diferenciadas, mas também percebemos que estabelecem uma fronteira, embora porosa, com as classes sociais dominantes."

Ao Esquerda.net, João Teixeira Lopes declara que "o livro tenta fazer uma espécie de estudo dos vários contextos de vida das classes populares." Uma "análise sobre rendimento e trabalho, onde as questões da precariedade também entram. Análise sobre transportes e mobilidade, habitação, alimentação e fome." Aborda também as práticas culturais populares" em várias dimensões, desde as definições de "povo" que sucessivas escolas literárias procuraram criar, até à explosão de manifestações populares imediatamente após o 25 de abril, até às "letras da chamada música pimba", aos hinos das claques ou "às listas de leitura das reclusas".

A apresentação será conduzida por José António Pinto, "Chalana", este sábado na UNICEPE - Cooperativa de Estudantes Livreiros do Porto, pelas 15h.

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