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La Lys e a participação portuguesa na primeira guerra mundial

O centenário do 9 de Abril de 1918 foi pretexto para uma encenação patrioteira de grandes dimensões. Um numeroso séquito deslocou-se a Paris para posar ao lado de Macron e celebrar o heroísmo das tropas portuguesas que estiveram em França a “defender os valores da liberdade e da democracia”. Por António Louçã, que estará no Fórum Socialismo 2018.
O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  
O Fórum Socialismo 2018 realiza-se no primeiro fim de semana de setembro na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.  

Mas a História é muito diferente da Lenda. Os motivos para a beligerância portuguesa tinham tudo a ver com interesses económicos e nada com princípios democráticos. Os pobres soldados portugueses não tinham ideia do que fosse a França, ou do que fosse a liberdade e a democracia. Muitos desses soldados, analfabetos, nunca tinham visto uma cidade, nem um comboio, nem um oceano. Foram embarcados para a Flandres pensando, em muitos casos, que iam a caminho de África.

Não foram parar a um campo de batalha e sim a um deserto de lama. O alto comando inglês, notando a sua escassa preparação para o combate, pô-los de guarda a um pântano. O maior inimigo que a tropa portuguesa tinha nessa guerra não eram os soldados alemães, e sim a fome, o frio, os piolhos.

Até que um dia, na véspera de ser rendida, a tropa portuguesa viu-se bombardeada em larga escala pela artilharia alemã e, logo a seguir, confrontada com uma ofensiva em larga escala da infantaria. Quem não morreu no bombardeamento fugiu, se podia; e rendeu-se, se não podia. Escaramuças isoladas ou episódios como o do “Soldado Milhões” são insuficientes para classificar La Lys como uma “batalha”.

O número de prisioneiros portugueses foi, nesse dia, excepcionalmente elevado (mais de 6.000). Relatos de coragem, tenacidade e perseverança são os que vêm depois, nos campos de prisioneiros. Abandonados pelo Governo de Lisboa, muitos soldados portugueses encontraram a forma de sobreviver e de regressar pelos seus meios.

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