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Justiça acusa "brigada política" do PP espanhol

A operação ilegal de espionagem para encontrar e destruir informação comprometedora na posse do tesoureiro do partido, entretanto preso, pode valer 15 anos de prisão ao ex-ministro do Interior Jorge Fernández Díaz e ao seu secretário de Estado.
O antigo ministro do Interior espanhol Jorge Fernández Díaz e o seu número dois, o secretário de Estado da Segurança Francisco Martínez, em 2016. Foto Ministério do Interior/Flickr

O antigo ministro do Interior espanhol Jorge Fernández Díaz e o seu número dois, o secretário de Estado da Segurança Francisco Martínez vão responder em tribunal por vários crimes e arriscam-se a uma pena de prisão de 16 anos, tal como a pena pedida para um comissário de polícia, Eugenio Pino. Para o ex-comissário José Manuel Villarejo, conhecido por traficar gravações que servem como chantagem contra várias figuras da vida política e social espanhola, a acusação guardou a pena mais grave, de 19 anos de prisão.

Segundo a acusação, citada pelo El Diario,  a chamada "operação Kitchen" desvendou "uma operação policial ilícita de informações com o objetivo de obter tanto informação como provas materiais - documentos armazenados em qualquer tipo de suporte, incluindo dispositivos informáticos e telefónicos - que pudessem ser incriminatórias para o Partido Popular e os seus máximos dirigentes" na investigação de outro processo de corrupção no PP, que ficou conhecido como o "caso Gürtel". Por sua vez, essa recolha ilegal de informações e provas tinha como finalidade que elas nunca fossem chegassem às mãos da justiça espanhola.

O principal alvo da operação era o tesoureiro do PP, Luís Bárcenas, conhecedor dos meandros da contabilidade paralela do partido e das comissões ilegais recebidas em troca de favores a empresários da construção e outros setores. E que na iminência de ser preso ameaçara divulgar gravações de conversas comprometedoras com Mariano Rajoy sobre os dinheiros do PP. Para isso, usaram o motorista de Bárcenas, que passou a informar dos encontros e conversas do patrão e da família. Tanto o ministro Jorge Férnandez Diaz como o secretário de Estado da Segurança Francisco Martínez eram postos ao corrente das atividades de Bárcenas. A "operação Kitchen" teve uma segunda edição, com os mesmos operacionais a recrutarem um informático detido na mesma prisão que Bárcenas para lhe tirar ou destruir documentos sobre contas e transferências bancárias que guardaria na cela.

Os cérebros da operação respondem também pelo crime de desvio de fundos públicos, dado que utilizaram dinheiro dos contribuintes para financiar toda a operação. Pelo menos 58 mil euros terão sido pagos ao motorista de Bárcenas pelos serviços de espionagem, além de depois ter sido recompensado com a entrada na polícia. E os mesmos protagonistas desta "brigada política" alargaram o seu raio de ação contra adversários do PP, nomeadamente contra os dirigentes do Podemos, através de campanhas sujas com apoio de setores da comunicação social espanhola.

Neste julgamento, estarão no banco dos réus outros quatro acusados: Marcelino Martín Bias, que depois se tornou chefe dos Assuntos Internos da polícia, para quem a acusação pede dois anos e seis meses de prisão por encobrimento; o atual comissário Andrés Gomez Gordo, que foi assessor da então secretária-geral do PP María Dolores de Cospedal, arrisca uma condenação a 16 anos; o motorista Sergio Ríos, agora polícia, arrisca a mesma pena; e Enrique Garcia Castaño, antigo chefe da unidade policial de escutas e o primeiro a tentar recrutar o motorista, para quem a acusação pede 12 anos de prisão mas cujo estado de saúde não o deverá permitir ir a tribunal.  

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