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José Luís Arnaut será anfitrião de evento sobre ética nos negócios em Davos

O ex-ministro do PSD nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, que esteve, ora do lado privado ora do lado público, em quase todas as privatizações, organiza um evento sobre o tema “Valores sob pressão: o papel da Ética nos Negócios” no Fórum Económico Mundial.
José Luís Arnaut no XXVIII congresso do PSD, em março de 2006. Foto de Paulo Carriço, Lusa.

“Nunca como hoje o tema da Ética nos negócios foi tão escrutinado na opinião pública, ao mesmo tempo que reguladores globais e Governos lhe dedicam cada vez mais atenção nas diretivas e Leis que norteiam a atividade económica”, afirma José Luis Arnaut, em comunicado, citado pelo Jornal Económico.

“Ainda assim há falhas por colmatar e a discussão da Ética nos negócios deve ser tida, em primeiro lugar ainda que não exclusivamente, nas lideranças das empresas. E é esse o contributo que a CMS com o Die Zeit quer dar, num evento que reúne os maiores empresários do mundo”, acrescenta.

Do painel de oradores do evento “Valores sob pressão: o papel da Ética nos Negócios”, organizado pela sociedade de advogados de José Luis Arnaut, em parceria com o Die Zeit, consta, nomeadamente, o Presidente executivo da Siemens, Joe Kaeser, bem como alguns jornalistas do semanário alemão e de DanTench, Sócio da CMS na área de Lei dos Media.

José Luís Arnaut: o advogado das privatizações

José Luís Arnaut, que foi ministro do PSD nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, esteve ligado a todas as privatizações - EDP, REN, ANA, TAP e CTT - e é, desde 2012, administrador da REN.

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Na privatização dos CTT, José Luís Arnaut assessorou o banco Goldman Sachs, que se tornou no maior acionista da empresa. Segundo noticiou o Expresso, a firma de Arnaut representou ainda os interesses de bancos como o Goldman Sachs e o JP Morgan nas negociações dos swaps com o Estado.

Arnaut foi, entretanto, nomeado para o conselho consultivo internacional do Goldman Sachs, para “fornecer conselhos estratégicos sobre uma série de negócios, regiões, políticas públicas e questões económicas, em particular sobre Portugal e os países africanos de língua portuguesa”.



Em 2013, no preciso momento em que o seu governo aprovava o orçamento de Estado da austeridade, o então ministro celebrou umas luxuosas férias e passagem do ano no Rio de Janeiro, no famoso hotel Copacabana Palace, acompanhado pelo também ministro Miguel Relvas e pelo ex-administrador e um dos principais responsáveis pelo escândalo do BPN, Dias Loureiro.

Em janeiro de 2015, o jornal norte-americano Wall Street Journal, que citou fontes ligadas ao processo, escreveu que o empréstimo de cerca de 706,5 milhões de euros do Goldman Sachs ao BES (a um mês do colapso do banco) “resultou de um esforço concertado” e de “vários meses” envolvendo vários dos mais altos membros da instituição financeira, entre eles José Luís Arnaut e António Esteves.

A sociedade de advogados de Arnaut arrecadou, desde 2014 e até setembro de 2016, pelo menos, 406 mil euros em serviços jurídicos à REN, onde o ex ministro do PSD é administrador não executivo.

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Em 2017, Arnaut foi convidado - juntamente com António Mexia - por Durão Barroso para a reunião do clube Bilderberg, que reúne poderosos grupos de pressão, multinacionais e líderes políticos.

Já em janeiro de 2018, o antigo governante passou de presidente da assembleia geral para “chairman” da ANA – Aeroportos de Portugal, substituindo Ponce Leão.

De acordo com a biografia divulgada pela REN, Arnaut é ainda presidente da Associação de Amizade Portugal-Qatar, participando em iniciativas promovidas pela família real daquele país, preside à Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, à Assembleia Geral da ÚNICA - União Cervejeira de Angola (Grupo UNICER) e à Assembleia Geral da Siemens Portugal, e é membro do Conselho de Administração da Discovery - Fundo de Imóveis de Portugal e consultor da VINCI Concessions.

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