João Teixeira Lopes: “A dupla Moreira-Pizarro foi o mandato das PPP's”

06 de September 2017 - 18:36

No debate entre as candidaturas à autarquia do Porto, o candidato do Bloco criticou “a velha política da dupla Moreira-Pizarro”, responsável pela especulação imobiliária que expulsou as pessoas da cidade, e defendeu a criação da uma taxa turística para compensar pressão do turismo.

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O candidato do Bloco defendeu que a “dupla Moreira-Pizarro” está de acordo no essencial e no seu programa.
O candidato do Bloco defendeu que a “dupla Moreira-Pizarro” está de acordo no essencial e no seu programa.

O debate entre as candidaturas à autarquia do Porto, transmitido pela SIC, esta terça-feira à noite, contou com João Teixeira Lopes (Bloco de Esquerda), Ilda Figueiredo (CDU), Manuel Pizarro (PS), Álvaro Almeida (PSD/PPM) e Rui Moreira (Independente com o apoio do CDS).

Teixeira Lopes começou por tentar pôr fim ao tema da rutura entre o atual Presidente da Câmara, Rui Moreira, e o seu ex-parceiro de coligação, Manuel Pizarro, que marcou toda a primeira parte do debate: “Isso não interessa nada aos portuenses. Este diferendo verbal, esta contenda entre Pizarro e Moreira é o que a velha política representa e da qual me distancio, é a política de lugares”, disse.

O candidato do Bloco defendeu que a “dupla Moreira-Pizarro” está de acordo no essencial e no seu programa. “Um diz que o Porto está fantástico, o outro diz que nunca esteve tão bem. Mas a questão importante é a que pergunta - 'Fantástico para quem?', ou 'Quem tem lucrado com quatro anos de especulação imobiliária?'”, disse João Teixeira Lopes, referindo que há um problema de acesso à habitação na cidade do Porto quando, por exemplo, um apartamento T0, na Cedofeita, custa 600 por mês.

Além disto, acusou o candidato bloquista, “Pizarro desistiu de ser uma alternativa para o Porto, ao dizer que se coliga com quem for necessário”. “É um equívoco tremendo votar no PS nestas eleições, porque ninguém sabe onde vai parar o voto no PS”, alegou, acrescentando que “pelo que ouvimos aqui, provavelmente vai parar novamente aos bolsos de Rui Moreira”.

João Teixeira Lopes criticou ainda Rui Moreira, “o candidato monarca”, por ter vindo a “concentrar poder de uma forma inaudita”, acumulando já oito pelouros, e por “insistir na velha maneira de fazer política, seja faltando aos debates, como Luís Filipe Menezes há 4 anos, ou o fez Fernando Gomes, nos anos 90”. Considerando que “isto não é saudável para a democracia”, o candidato do Bloco defende que “faz falta na câmara do Porto alguém que tenha um poder de fiscalização efetivo e com coragem para dizer as verdades, o PS abdicou desse poder”.

“Mas é preciso dizer que Rui Moreira procedeu mal no caso Selminho e que é um candidato falsamente independente, já que é apoiado pelo CDS desde sempre”, disse.

Para o candidato do Bloco, o mandato da dupla Moreira-Pizarro “foi o mandato das PPP's [Parceria Público Privada]” e do desperdício, exemplificando com o dinheiro (um milhão de euros) investido no Pavilhão Rosa Mota, num projeto que se revelou contrário ao PDM. Além disto, Teixeira Lopes lembrou que a Câmara do Porto tem no banco 66 milhões de euros imobilizados, mas que podiam ser investidos na política de habitação. “É verdade que temos hoje mais turistas, mas temos menos portuenses; a marca desta dupla é esta: menos 5 mil pessoas na cidade do Porto, menos 2 mil no centro histórico”, afirmou.

Sobre o caso Selminho, Teixeira Lopes criticou o atual Presidente da Câmara por se ter envolvido diretamente e “ter escondido o que se passava”: “Moreira tem amuado e nega-se a responder e a dar explicações”.

Bloco defende taxa turística para compensar pressão na habitação

Teixeira Lopes acusou o atual executivo camarário de “nem sequer querer estudar o fenómeno da pressão nas rendas”, já que recusou a criação de um observatório que poderia contar com o apoio da Universidade do Porto. “Decidiram antes pedir um estudo a uma empresa privada, a Confidencial Imobiliária”, acusou, sublinhando a ironia.

A pressão do turismo sobre o centro da cidade e a dificuldade em conseguir habitação a preços acessíveis foi a deixa para Manuel Pizarro apresentar a sua proposta de construir habitação em parceria com privados. “Mais uma PPP”, denunciou João Teixeira Lopes, contra-argumentando com a criação de uma taxa turística capaz de “gerar 10 milhões de euros por ano e colmatar a pressão brutal que o turismo exerceu na cidade, investindo na reabilitação urbana e adquirindo património”.

Referindo que há bairros sociais que esperam obras de recuperação desde há 15 anos, Teixeira Lopes disse ainda que “já agora, a cidade devia ter a coragem de fazer como Barcelona fez e “suspender por um ou dois anos” o licenciamento de novas unidades hoteleiras.

Além disto, é preciso distinguir alojamento local de turismo urbano, defende o o Bloco, “pois há falso alojamento local, com concentração de propriedade para fins turísticos, que não paga o imposto devido e como unidade hoteleira”, exlpicou.

A aposta deve ser nos transportes públicos

Sobre o tema dos “parcómetros, trânsito e estacionamento”, Teixeira Lopes critica que mais uma vez tudo seja entregue a uma PPP e os problemas se mantenham. Assim, pediu contas a Rui Moreira sobre a promessa, por cumprir, dos parques dissuasores e defendeu a “aposta nos transportes públicos”, exemplificando com a expansão da linha de metro para ligar Matosinhos até S. Bento.

João Teixeira Lopes garantiu ainda que, pelo seu lado, “nunca fará uma coligação” com Rui Moreira e que o interesse do Bloco é “pôr o Porto e os interesses das pessoas à frente”, e eleger um vereador, pela primeira vez.