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Itália: Aliança de extrema-direita obtém maioria absoluta

A Itália terá o governo mais à direita desde a II Guerra, com uma maioria de 44% nas eleições para o Senado e Câmara dos Deputados. A extrema-direita de Giorgia Meloni surge na primeira posição e a larga distância de Salvini e Berlusconi.
Foto Massimo Percossi/EPA

Com a quase totalidade dos votos contados, a coligação de direita e extrema-direita obtém 44% dos votos para o Senado: Fratelli d'Italia de Giorgia Meloni com 26,1%, a Liga de Matteo Salvini com 8,9%, Forza Italia de Silvio Berlusconi com 8,3% e outros partidos com 0,9%. A coligação liderada pelo Partido Democratico de Enrico Letta obtém 26%: o PD com 19%, a Alleanza Verdi e Sinistra 3,5% e o + Europa 2,9%. O Movimento 5 Estrelas de Giuseppe Conte é o terceiro partido com 15,5% e a coligação da Italia Viva de Matteo Renzi com a Azione de Carlo Calenda obtém 7,7%.

Para a Câmara dos Deputados, o resultado da votação é semelhante. A coligação de direita e extrema-direita alcança 43,8% dos votos e a coligação liderada pelo PD 26,2%. Por partido, os Fratelli d'Italia obtêm 26,08%, o Partido Democrático 19,11%, o Movimento 5 Estrelas 15,31%, a Liga 8,81%, a Forza Italia 8,1%, a Italia Viva/Azione 7,8%, a Alleanza Verdi e Sinistra 3,6% e o + Europa 2,8%.

Fora do Parlamento e do Senado ficam a União Popular, liderada por ex-juiz e autarca de Nápoles Luigi de Magistris, com as projeções a darem-lhe 1,4% dos votos, e o Italexit, uma cisão do 5 Estrelas, com 2%.

Salvini perde terreno para Meloni

Com uma maioria confortável tanto na Câmara como no Senado, Giorgia Meloni torna-se a candidata natural à chefia do próximo executivo, e sai mais reforçada ao conseguir mais votos do que a soma dos obtidos por Salvini e Berlusconi. Uma vantagem que pode ser explicada pela visibilidade adquirida por Meloni ao ocupar o espaço de oposição ao governo Draghi, enquanto Salvini participava nesse governo. A assumida simpatia por Putin também custou votos a Salvini, provavelmente transferidos para a formação de Meloni.

Este resultado nas eleições menos participadas de sempre e que trazem a extrema-direita à liderança do executivo deixa antever novas ameaças contra os direitos civis. No plano económico, o programa dos partidos da direita propõe a introdução de uma "flat tax" no imposto dobre o rendimento, cujo valor ainda não foi acordado entre eles. Além do aumento da desigualdade fiscal com o fim da progressividade, o rendimento básico que foi uma das bandeiras do 5 Estrelas nos últimos governos deverá ser abolido e as empresas deverão contar com mais benefícios fiscais.

Apesar de ter sido eleita com um discurso crítico contra Bruxelas, Meloni irá dirigir o governo do país mais beneficiado com os fundos de recuperação e resiliência da UE, com 200 mil milhões de euros para distribuir nos próximos anos. Num gesto significativo, o primeiro líder político europeu a dar os parabéns em público a Meloni foi o polaco Mateusz Morawiecki. O deputado hungaro e Balazs Orbán, diretor político do gabinete de Viktor Orbán, também foi rápido a parabenizar a líder do partido pós-fascista italiano e os seus dois parceiros.

[Notícia atualizada às 10h30 de 26 de setembro com os resultados com 99% dos votos contados]

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