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Investigação ao negócio dos helicópteros envolve governante do CDS

Um dos secretários de Estado de Miguel Macedo, o centrista Filipe Lobo d’Ávila, saiu do governo “por motivos pessoais” semanas antes da Everjets ganhar o concurso sob suspeita. E foi trabalhar para o escritório de advogados que representou a empresa num processo contra o seu ex-ministério.
Filipe Lobo d'Ávila e Miguel Macedo na Assembleia da República. Foto Mário Cruz/Lusa

O concurso de 90 milhões de euros de manutenção de helicópteros do Estado português está envolto em suspeita. A empresa Everjets venceu-o sem sequer levantar o caderno de encargos e o Correio da Manhã noticiou que antes da abertura do concurso o ministro Miguel Macedo enviou ao empresário Jaime Couto Alves o documento, um facto descoberto no âmbito da investigação aos vistos gold.

Couto Alves foi sócio de Luís Marques Mendes na consultora JMF e na empresa Gironnapp. O antigo líder do PSD e atual comentador da SIC é consultor do escritório de advogados que tratou de um em cada três casos de vistos gold e foi apanhado nas escutas da “Operação Labirinto” a pedir favores ao presidente do Instituto de Registos e Notariado, também arguido no processo da rede dos vistos gold, para agilizar a emissão de visto para dois empresários estrangeiros.

Esta segunda-feira, o Correio da Manhã revela que a polícia quer saber qual a intervenção do ex-secretário de Estado do CDS Filipe Lobo d’Ávila no negócio dos helicópteros. Lobo d’Ávila saiu do Ministério de Miguel Macedo dias antes do concurso terminar, com destino ao escritório de advogados que representou a Everjets num processo contra o Estado. A empresa acabou por ver o tribunal dar-lhe razão e o Estado não recorreu, apesar de ter pareceres a aconselhá-lo nesse sentido.

Outra notícia a envolver a empresa, publicada no jornal Público, dá conta da aquisição da maioria do capital da Everjets, dias antes de ganhar o concurso, pelo empresário de Braga Domingos Névoa, condenado por corrupção ativa ao tentar subornar o vereador Sá Fernandes para que este desistisse de uma ação popular para travar a permuta de terrenos da Feira Popular de Lisboa pelos do Parque Mayer. Névoa acabaria por não cumprir pena com a prescrição do processo.

Domingos Névoa terá adquirido a empresa quando já era sabido que tinha vencido o concurso público para a manutenção dos helicópteros por quatro anos. A empresa negou ao Público qualquer relação entre os dois acontecimentos.

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