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"As instituições têm de estar muito mais próximas dos cidadãos"

Marisa Matias lembrou, em entrevista ao Diário de Notícias, que o papel do Presidente da República é o de ser "árbitro da democracia", e não uma “ameaça permanente” à legitimidade da Assembleia da República.
Foto de Paulete Matos

Em entrevista ao Diário de Notícias, publicada este sábado, a candidata presidencial afirmou que “tem de ser quebrada a forma de fazer política neste país”, e que é preciso garantir que as instituições funcionem com independência e sem interferências.

Afirmou que Cavaco Silva foi um Presidente da República que “foi muito além das suas competências”, quando procurou “ter uma agenda própria para condicionar os outros órgãos de soberania”, e que “ficou muito aquém das suas competências” quando não soube ser “um bom árbitro” da democracia, alguém que unisse os portugueses “em vez de os dividir”. Acusou-o de ter posto “os seus interesses à frente dos interesses de toda a gente”, e de, nos “momentos essenciais da vida da democracia portuguesa”, ter ignorado completamente os direitos consagrados na Constituição. 

Defendeu que “seja qual for o Presidente, é preciso garantir que a Lei Fundamental do nosso país está acima de tudo e resto”, e afirmou que, enquanto Presidente da República, cabe-lhe “verificar se a constitucionalidade das propostas [que recebe] está garantida ou não”, apesar de considerar que “a austeridade, em grande medida, entra em contradição com a Constituição”.

Marisa Matias disse acreditar que a sua experiência no Parlamento Europeu pode ser muito importante, por estar habituada a “sistematicamente fazer diálogos com os outros grupos políticos e com os governos, a fazer compromissos, a ter de ouvir toda a gente”, e salientou que é a candidata que tem maior conhecimento de como funcionam as relações entre as instituições europeias e os compromissos que estão assumidos.

Sobre a sua candidatura e o facto de nunca termos tido uma mulher como Chefe de Estado, afirmou que deveríamos olhar com mais “naturalidade para o facto de podermos ter uma Presidente ou uma primeira-ministra porque só diria da nossa sociedade que era mais justa e democrática”.

A candidata comentou, ainda, a composição do Conselho de Estado, ao considerar que “quanto mais amplo for melhor representará a sociedade”, lembrando que este órgão “não se resume à intervenção dos partidos” mas que deve passar também por “sectores da sociedade fundamentais de ouvir”. “Se é para o Presidente ser aconselhado entre iguais é provável que os conselhos vão na mesma direção”, concluiu.

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