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Inflação: alimentos e habitação pressionam famílias mais pobres

O último Boletim Económico do Banco de Portugal reconhece que os impactos da inflação são muito desiguais. Para os mais ricos, o aumento de preços pesa mais nos restaurantes e hotéis.
Foto de Paulete Matos

A subida generalizada dos preços está a ter impacto nas carteiras da esmagadora maioria das famílias portuguesas. No último boletim económico do Banco de Portugal (BdP), publicado em outubro, a instituição procurou perceber de que forma a inflação está a afetar as famílias portuguesas. E embora diga que todos os escalões de rendimento sentem a subida dos preços, o banco central reconhece que os impactos são muito desiguais.

O motivo para isso é relativamente intuitivo: os diferentes escalões têm hábitos de consumo diferentes e isso influencia o impacto que a subida dos preços tem nas suas carteiras. É isso que explica as “diferenças acentuadas nos pesos das classes de despesa do Índice de Preços no Consumidor (IPC) para famílias com diferente nível de rendimento”, como se pode ler no boletim.

Para as famílias de menores rendimentos, a inflação sente-se sobretudo nos preços dos bens alimentares, da habitação, da água, eletricidade e gás. Os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas representam 21,7% da despesa das famílias que integram o grupo dos 20% com menores rendimentos. Para este grupo, “a inflação estimada resulta, em larga medida, do aumento dos preços de bens e serviços essenciais”.

Por outro lado, para os mais ricos, a inflação estimada pelo BdP tem um contributo muito mais elevado dos preços dos restaurantes e hotéis, que representam 10,6% das suas despesas (mais do dobro do peso que têm nas despesas dos escalões inferiores). O impacto para os mais ricos acontece mais através do encarecimento das atividades de lazer.

“Implicações mais severas” para os mais pobres

A subida dos preços dos alimentos, da habitação e da energia é responsável por 73% do aumento do custo de vida das famílias de menores rendimentos, ao passo que, para as famílias mais ricas, explica apenas 40% do aumento dos custos.

O Banco de Portugal reconhece que estas diferenças determinam “implicações mais severas” para as famílias de menores rendimentos, uma vez que estas, além de possuírem menor riqueza, são afetadas pelos preços de bens essenciais dos quais não podem abdicar facilmente, como a comida ou a energia, ao contrário do que acontece no caso dos mais ricos, para os quais pesam mais os preços de tipos de consumo mais facilmente substituíveis (restaurantes e hotéis).

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