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Idosos portugueses são dos menos saudáveis em toda a Europa

Resultados preliminares de estudo europeu sobre saúde da população idosa colocam Portugal no fundo da tabela: apenas 9% dos idosos cumprem os critérios definidos pelo estudo.
Idosos portugueses são dos menos saudáveis em toda a Europa
O estudo considera “idosos saudáveis os seniores que não apresentam doenças crónicas e têm uma boa saúde física e mental”. Foto de Paulete Matos.

Se comparados com a população idosa de outros países europeus, os idosos portugueses têm baixos níveis de saúde – são estas as conclusões do DO-HEALTH, o maior estudo sobre envelhecimento na Europa e divulgado pela Universidade de Coimbra.

Os resultados preliminares do DO-HEALTH concluem que, “à primeira visita clínica”, “51% dos idosos são considerados saudáveis na Suíça, na Áustria, 58%, na Alemanha, 38%, em França, 37%, e, em Portugal, apenas 9%”, afirmou a Universidade de Coimbra. O estudo considera “idosos saudáveis os seniores que não apresentam doenças crónicas e têm uma boa saúde física e mental”.

A nível europeu, 42% dos 2 157 participantes no estudo foram “considerados idosos saudáveis”, de acordo com a mesma pesquisa, que envolveu mais de meia centena de investigadores de sete centros universitários da Alemanha, Áustria, França, Portugal e Suíça. De Portugal participou um grupo de investigadores da Clínica Universitária de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, liderado por José António Pereira da Silva.

Segundo a Lusa, ao longo de três anos de ensaio clínico foi pedido aos participantes que cumprissem, “três vezes por semana, um plano de exercício simples em casa e tomassem diariamente suplementação de vitamina D e/ou ácidos gordos ómega 3 e/ou placebo”, para avaliar o efeito da vitamina D, do ómega 3 e do exercício físico na saúde cognitiva e física dos idosos.

Os dados recolhidos vão ser “analisados de forma a determinar os efeitos destas três intervenções em cinco principais dimensões: risco de fratura, função muscular dos membros inferiores, função cognitiva, tensão arterial e taxa de infeções”, de modo a que a informação obtida permita desenhar “estratégias que possibilitem aos mais velhos terem uma vida mais ativa e saudável”, explicita José António Pereira da Silva. Em reação aos baixos níveis de saúde apresentados pelos idosos portugueses no estudo, José António Pereira da Silva considera que estes não “surpreendem, mas preocupam”.

“Temos os idosos menos saudáveis a todos os níveis, cognitivo e físico. É, sem dúvida, um problema relevante de saúde pública”, sublinha. O docente considera que “há a considerar todo um conjunto de recursos sociais com efeito na saúde dos idosos, que vão desde o valor das pensões até à facilidade de acesso à saúde. Há ainda um fator que eu presumo ser muito determinante, que é o nível educacional”.

“Por um lado, vai diminuindo a acessibilidade aos serviços públicos – por exemplo, a redução do acesso aos transportes de doentes – e, por outro, uma aposta que me parece deliberada dos partidos do arco de governação na medicina privada”, facto que o docente considera afetar sobretudo “as pessoas mais carenciadas”, grupo que inclui muitos idosos.

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