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Hong Kong: protestos e detenções regressaram no Dia da Mãe

Cerca de 250 pessoas foram presas e pelo menos 18 ficaram feridas durante protestos em centros comerciais no domingo. A repressão contra jornalistas foi criticada fortemente e a governadora da região culpa o sistema educativo pelos protestos.
Manifestantes num centro comercial em Hong Kong. Maio de 2020. Foto de JEROME FAVRE/EPA/Lusa.
Manifestantes num centro comercial em Hong Kong. Maio de 2020. Foto de JEROME FAVRE/EPA/Lusa.

O mais novo tinha apenas 12 anos. Disse à polícia que estava a cobrir o evento para um jornal estudantil e a polícia tratou mais tarde de ameaçar a mãe por ser supostamente cúmplice de trabalho infantil. O mais velho tinha 65. Fazem parte de um grupo de cerca de 230 manifestantes detidos no passado domingo em Hong Kong na sequência da retomada do movimento de protesto pela democracia no território.

Várias centenas de pessoas responderam a um apelo feito nas redes sociais para que voltassem aos centros comerciais no dia da mãe, sobretudo no distrito comercial Mongkok. E cantassem “Glória a Hong Kong”, o hino informal da contestação.

A polícia irrompeu pelos estabelecimentos comerciais e prendeu muitos dos manifestantes. As acusações foram variadas. Desde “assembleia ilegal”, à “posse de qualquer coisa com intento de destruir ou danificar propriedade”, à incapacidade de provar a sua identidade. Cerca de 20 de entre elas foram presas por violação da proibição de ajuntamentos de mais de oito pessoas. Por duas vezes contra jornalistas. A violência contra jornalistas provocou uma onda de protestos que fez com que o chefe da polícia de Hong Kong, Chris Tang, acabasse por reconhecer esta terça-feira que houve comportamentos “indesejáveis” para com estes. Para além do gás pimenta, de empurrões vários e de ter impedido filmagens, alguns dos jornalistas presentes foram insultados e obrigados a ajoelhar, de acordo com a associação de jornalistas de Hong Kong.

Mais tarde os protestos continuaram nas ruas, houve uso de gás pimenta por parte da polícia. 18 pessoas foram assistidas nos hospitais da região, alegadamente devido à intervenção da polícia.

Também acabou detido um deputado do Partido Democrático, Roy Kwong Chun-yu, que alega ter ido tentar negociar com a polícia, tendo sido lançado ao chão pelos agentes que lhe colocaram um joelho na cabeça. Foi acusado de comportamento desordeiro.

Carrie Lam, o governadora da região, culpa o sistema educativo pelos protestos. Considerou que os programas do ensino secundário são “um galinheiro sem teto” e diz ao jornal Ta Kung Pao que vai fazer uma revisão curricular para torná-lo mais conservador, para proteger os estudantes de serem “envenenados” por “informação falsa e enviesada”. Declarações que não pretendiam ser apaziguadoras e que acabaram por levantar suspeitas de que o governo se prepara para tornar mais apertado o controlo ideológico do ensino.

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