You are here

Honduras: governo decreta estado de emergência

O candidato presidencial da oposição não reconhece os resultados anunciados e acusa o governo de promover a violência. Observadores condenam violência e apelam aos candidatos para participarem na verificação da contagem dos votos.
Protestos nas ruas com acusações de fraude eleitoral. Imagem ZDF

As eleições do passado domingo nas Honduras decorreram em clima de relativa tranquilidade, mas o conturbado processo de contagem dos votos, com os candidatos do governo e da oposição a reclamarem para si a vitória, levou milhares de apoiantes às ruas de várias cidades do país.

Segundo o diário La Prensa, os confrontos entre a polícia e os apoiantes do candidato da oposição resultaram em cinco mortos e dezenas de feridos. A polícia reconhece a existência de pelo menos um morto, baleado durante os protestos. Dezenas de pessoas foram detidas na sequência de saques a supermercados e lojas. Na sequência dos distúrbios, o governo decretou o estado de emergência com recolher obrigatório por um período de dez dias.

Com o estado de emergência, a polícia e o exército podem deter qualquer pessoa que se encontre na via pública entre as seis da tarde e as seis da manhã.

Os primeiros resultados parciais davam uma vantagem confortável de cinco pontos ao candidato da Aliança da Oposição Contra a Ditadura, Salvador Nasralla. Mas após uma interrupção na contagem, o anúncio seguinte de resultados punha à frente o atual presidente, Juan Hernandez. O processo de contagem demorou vários dias, suscitando críticas por parte da Missão de Observação da União Europeia, liderada por Marisa Matias.

Logo na quarta-feira, Salvador Nasralla afirmou que existiam indícios de fraude na contagem e que não aceitaria os resultados. Mais tarde, a sua candidatura anunciou que não iria participar na contagem especial de mais de 1000 atas eleitorais em que surgiram reclamações. A contagem seria feita pelo Tribunal Supremo Eleitoral, na presença das candidaturas e dos observadores internacionais às eleições. Estas atas representam 6% do total dos votos, numa altura em que a vantagem de Hernandez nos votos já contados não chega a 50 mil votos.

“Estamos a ser roubados. Isto é um assalto à mão armada e só vamos aceitar a contagem das 5174 atas”, diz Nasralla, acusando o Tribunal de pactuar com as irregularidades no processo eleitoral. A contagem não tem prazo definido, embora por lei o Tribunal seja obrigado a declarar um vencedor até um mês após as eleições, ou seja, a 26 de dezembro. O candidato da oposição diz também que o estado de emergência é um instrumento para que Hernandez possa ser declarado vencedor sem que a oposição possa reclamar nas ruas, comparando-o a um golpe de estado. Nasralla diz ainda que os saques às lojas foram feitos por criminosos comuns coordenados com a polícia e não pelos seus apoiantes que se manifestavam nas ruas. O objetivo destes saques seria criar um pretexto para decretar o estado de emergência, argumenta.

Marisa Matias emitiu na quinta-feira uma declaração de condenação da violência e apelo à calma social até que os resultados finais, com todas as atas contadas, possam ser verificados por todos os candidatos.

A Coligação de Observação não-partidária ON-26 juntou-se aos apelos dos observadores internacionais para que os candidatos não promovam  a violência. “Se é verdade que a lentidão do Tribunal Supremo Eleitoral foi o detonador desta situação descontrolada, os dois candidatos têm a mesma responsabilidade por se terem declarado vencedores antes da contagem final”, dizem os observadores, condenando Hernandez e Nasralla por terem apelado aos seus apoiantes para encherem as ruas em defesa da sua vitória.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)