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Headoffice: a gestora de fortunas que Alina Leivikova representa em Portugal

A Headoffice é uma gestora de fortunas representada em Portugal pela esposa do empresário Marco Galinha, que é também filha de Markos Leivikov. À frente da empresa estão dois executivos com carreira junto de Dmitry Rybolovlev, um dos maiores oligarcas russos, dono do Mónaco FC, próximo do Kremlin e de Donald Trump.
Vladimir Baumgertner, Alina Leivikova e Dmitry Rybolovlev.

A Headoffice, sediada no Chipre, fornece diversos serviços, do aconselhamento legal à consultoria imobiliária, passando pela organização de férias de luxo. No seu site, faculta o endereço da sede e números de contacto no Chipre, EUA, Suíça, Reino Unido, Áustria, Mónaco, Cazaquistão, Ucrânia, Emirados Árabes Unidos, Itália. Ainda segundo o site oficial, “Alina Leivikova representa os interesses da Headoffice em Portugal e desenvolve relações com os clientes da região”. Que clientes e interesses são esses, não se sabe.

A sombra de Rybolovlev 

Também não se conhece a estrutura acionista da Headoffice. Certo é que a gestora de fortunas é liderada por Vladimir Baumgertner, por muitos anos braço direito de Dmitry Rybolovlev, famoso oligarca que comprou o Mónaco FC e que tem fortes ligações a Donald Trump. Rybolovlev contratou Baumgertner pela primeira vez em 2004, para dirigir a maior produtora mundial de potássio para fertilizantes. A Uralkali foi atribuída a Rybolovlev na vaga de privatizações selvagens que se seguiu à queda da URSS, no início dos anos 90 do século passado. 

Vladimir Baumgertner integra a “reserva de gestores de alto potencial” criada em 2008 pelo então presidente russo, Medvedev. É também nesse ano que Rybolovlev se aproxima de Donald Trump, a quem adquire uma sumptuosa villa, em Palm Beach, por 95 milhões de dólares (Trump tinha-a comprado por 41 milhões). Em 2010, Rybolovlev vende a sua quota de controlo na Uralkali por 6500 milhões de dólares e é dado como o décimo homem mais rico da Rússia. 

A carreira de Baumgertner à frente da Uralkali termina com estrondo. De 2005 até 2013, a Uralkali e a Belaruskali estavam associadas na Companhia Bielorussa de Potássio. Baumgertner rompe abruptamente a sociedade. A Uralkali estava então em posição dominante (um quinto da produção mundial de potássio) e arriscou uma forte redução de preços para dominar o mercado internacional, levando a uma abrupta queda do valor das ações das produtoras de potássio, a começar pelas bielorrussas. Um mês depois da rutura do consórcio russo-bielorruso, Baumgertner é chamado à capital bielorrussa, Minsk, para conversações. É detido e algemado perante as câmaras de televisão, o caso é notícia internacional e, depois de um mês em isolamento, é mantido em prisão domiciliária. Apela então a Putin e, pouco depois, é aberto um processo na Rússia que leva à sua extradição. Ao fim de um ano em prisão domiciliária, o atual CEO da Headoffice foi libertado sob fiança. 

Em 2015, Baumgertner vai presidir à Global Ports, a maior operadora de terminais de contentores da Federação Russa, de onde sai em 2017 para regressar ao serviço de Dmitry Rybolovlev, à frente uma produtora de baterias de lítio, a Alevo. Com sede em Basileia, esta "Tesla da Suíça" instala uma unidade de produção na Carolina do Norte, EUA. A empresa cai, falida, antes de vender baterias, mas logo Rybolovlev lança a Innolith, que herda os ativos da Alevo. A Innolith é dirigida por Sergey Buchin, hoje número dois de Baumgertner na Headoffice. Por seu lado, Baumgertner assume a presidência da holding de Rybolovlev, a Rigmora, com sede no Mónaco, em que permanece até 2019. 

Ligações a Donald Trump

Depois do financiamento a Donald Trump através da compra inflacionada da mansão de Palm Beach, Rybolovlev manteve-se como um dos oligarcas russos mais estreitamente ligados ao círculo do ex-presidente norte-americano. Em 2013, detinha a maior quota e era chairman do Banco de Chipre, cerca de 9.9% e, no ano seguinte, deu as boas vindas ao milionário norte-americano Wilbur Ross, que compra uma quota dominante do banco, tornando-se vice-chairman, posição em que se encontra quando, em 2016, chega a Secretário do Comércio da presidência Trump. Durante a campanha presidencial, foi detetado um conjunto de coincidências entre voos dos jatos privados de Trump e Rybolovlev. 

Dimitry Rybolovlev é hoje, no ranking da revista Forbes, o 391º homem mais rico do mundo. Vladimir Baumgertner e Sergey Buchin dirigem a Headoffice. Em Portugal, esta empresa é representada por Alina Leivikova, filha de Markos Leivikov, sócio e sogro de Marco Galinha, presidente do grupo Global Media, que detém a TSF, o DN e o JN. A empresária não respondeu às questões enviadas pelo Esquerda.net sobre a natureza da sua ligação à empresa, a atividade que desenvolve em Portugal e as ligações a Rybolovlev.

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