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Harvey Weinstein entregou-se à polícia

Harvey Weinstein entregou-se à polícia de Nova Iorque. Em causa estão duas acusações de assédio e violação, acusações essas que se juntam às outras dezenas de acusações por crimes sexuais contra o ex-produtor.
Harvey Weinstein entregou-se à polícia
Foto de Thomas Hawk/Flickr.

Em outubro de 2017, uma reportagem do New York Times veio trazer a público as denúncias de assédio sexual, agressão sexual e violação feitas por mais de 12 mulheres. O impacto do produtor na indústria do cinema estado-unidense era de tal forma grande que alguns órgãos de comunicação social se recusaram a noticiar as denúncias em primeira mão e o produtor contratou detetives privados para obterem informação sobre as mulheres que se preparavam para relatar os seus casos e convencê-las a desistir.

Posteriormente à publicação do artigo no New York Times, várias outras mulheres da indústria do cinema juntaram os seus próprios testemunhos, entre elas atrizes de renome em Hollywood. Todas elas falavam de episódios de assédio sexual, tentativa de agressão sexual e mesmo violação, tudo feito em aparente contexto laboral – no total, foram 70 mulheres a relatar experiência do género com Harvey Weinstein. O antigo produtor de Hollywood está a ser investigado pelas autoridades policiais de Los Angeles e Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, e de Londres.

Estas denúncias e debate público em torno do assédio e violência sexual na indústria de Hollywood espalharam-se posteriormente a outros homens, tendo dado origem ao movimento #MeToo. Esta campanha, que recuperou e ampliou a escala de um hashtag criado nas redes sociais que encorajava mulheres vítimas de violência sexual a contarem as suas experiências, deu origem a uma avalanche de denúncias que levou à demissão de muitos atores e produtores da indústria do entretenimento e abriram caminho para o que pode ser um debate coletivo sobre o assédio sexual em contexto laboral.

Recentemente, a atriz italiana Asia Argento aproveitou a sua presença no palco do Festival de Cannes para recordar o facto de ter sido violada por Harvey Weinstein naquele mesmo festival, em 1997. Argento lembrou que aquele festival era “terreno de caça” para o ex produtor e que sabe que outros agressores sexuais estavam presentes no público do festival e que continuam a ter de responder por aquilo que fizeram.

A apresentação de Weinstein à polícia era já esperada. Depois de ter passado uns tempos no que se entendeu ser uma clínica de reabilitação, o ex produtor de cinema estava a viver uma vida normal longe do meio em que criou fortuna. A decisão de avançar agora criminalmente contra Weinstein, que não tinha sido acusado formalmente de qualquer crime, deveu-se àquilo que algumas das vítimas entenderam ser a sua necessidade de fazer justiça.

O mais recente nome de Hollywood a ser acusado de conduta desadequada em contexto laboral é o do ator Morgan Freeman. Oito mulheres acusaram o popular ator de assédio sexual, acusações que este não negou. Ao invés, Freeman veio pedir desculpa “a qualquer pessoa que se tenha sentido desconfortável ou desrespeitada”.

O ator Kevin Spacey, Larry Nassar, antigo médico da seleção americana de ginástica, o ator Jeffrey Tambor, o humorista Louis CK e o maestro James Levine foram algumas das outras pessoas que viram os seus nomes referidos e que foram despedidos ou, no caso de Nassar, detidos e condenados

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