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Há resistência em Lützerath, a aldeia alemã ameaçada pelo carvão

A empresa RWE pretende expandir a sua mina de lenhite de Garzweiler, uma das maiores da Europa, e a aldeia deverá por isso ser arrasada. No seu interior, os ambientalistas resistem.
Ambientalistas resistem à ocupação policial. Foto de @LuetziBleib/Twitter.

A aldeia de Lützerath na Renânia, Alemanha, está prestes a ser completamente desalojada para que a mina de lenhite de Garzweiler, pertencente à empresa RWE, seja expandida. A Greenpeace considera-a a mais poluente da Europa.

Depois de um acordo entre a multinacional alemã e a ministra responsável pela pasta do ambiente no governo da Renânia do Norte-Vestfália, Mona Neubaur, dos Verdes, e da sua aprovação no Parlamento Federal, a polícia fez saber que o despejo deveria acontecer no fim de semana de 14 e 15 de janeiro.

Mas os ambientalistas prometeram travá-lo. Dizem que a justificação avançada para o despejo, “o perigo para a segurança do abastecimento de energia”, não tem razão de ser e que nem é sustentada por qualquer estudo. E, claro, contestam a continuação da aposta nos combustíveis fósseis, dado que esta expansão coloca a Alemanha mais longe de cumprir as prometidas metas ambientais.

Apelam por isso a uma moratória à decisão. Entretanto, não ficaram à espera. A iniciativa “Lützerath Lebt” tem estado ativa há já dois anos, quando a empresa demoliu a estrada entre Lützerath e Keyenberg e, pouco depois, quando começou a cortar as árvores à volta da localidade, ao contrário do que tinha sido prometido. Desde aí, vários ativistas desta iniciativa têm permanecido na aldeia, entretanto esvaziada, tornando-a “um local de resistência mas também de vida coletiva e de aprendizagem”, uma luta que travam ao lado da população, de Eckardt Heukamp - o último agricultor local a resistir - e de organizações como a Alle Dörfer bleiben (todas as aldeias permanecem), a Lützerath Vigil e a RWE & Co. Enteignen.

Lützi, como lhe têm chamado, quer ser um símbolo de resistência. Aliás, Lützerath é apenas uma entre perto de uma dezena de aldeias que foram expropriadas e demolidas, algumas reconstruídas a vários quilómetros de distância. Na memória está a vitória contra a expansão da mina de Hambach, em 2018, pertença da mesma empresa.

Esta segunda-feira a polícia fez um primeiro avanço contra uma barricada e contra uma ponte de madeira no local mas encontrou resistência. Depois de terem sido recebidos com fogo de artifício, garrafas e pedras, segundo a Associated Press, os agentes policiais recuaram e não conseguiram entrar na aldeia. As imagens divulgadas pelos ambientalistas mostram uma resistência pacífica.

 

Esta terça-feira houve novo avanço contra as árvores mas os ambientalistas dizem que voltaram a resistir.

O governo local de Heinsberg deu ordem de evacuação da aldeia e autorizou a polícia a agir a partir do dia 10 de janeiro. Os ambientalistas, por seu turno, continuam a apelar para que mais pessoas se juntem para travar o avanço das máquinas que deverá acontecer em breve. Para este fim de semana marcaram um festival no local.

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