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Há 12 acidentes com trotinetes por mês, ACAPO diz que invisuais têm mais medo de circular

Em três anos houve 445 acidentes com este tipo de veículos e a sua gravidade está a aumentar. A ACAPO critica mais um obstáculo na cidade para as pessoas invisuais, com “velocidades de automobilismo” e trotinetes “amontoadas” em qualquer lado.
Trotinete. Foto de Tânia Dimas/Pixabay.
Trotinete. Foto de Tânia Dimas/Pixabay.

Os dados da PSP, relativos ao período entre 2019 e 2021, indicam que têm existido no país 12 acidentes por mês com trotinetes. A gravidade, diz a polícia, tem vindo a aumentar devido à condução negligente.

O Jornal de Notícias detalha que, no total de 445 acidentes deste período, 2021 foi o ano pior. Houve no ano passado 289 acidentes de que resultaram 244 feridos ligeiros e sete graves. No ano anterior, tinham sido muito menos: 97 ocorrências com 69 feridos ligeiros e dois feridos graves. A polícia atribuiu esse facto “à pandemia da COVID-19 e consequentes restrições e períodos de confinamento” que fez com que o registo de acidentes fosse “inferior por haver menor tráfego rodoviário”. Em 2019, o número foi de 169, com 119 feridos ligeiros e três feridos graves.

A mesma fonte indica que nos últimos dois anos, foi em Lisboa que ocorreram mais acidentes, 130, o Porto ocupa o segundo lugar com com 54, em Braga aconteceram 41, em Setúbal 37, em Faro 33 e em Coimbra 29.

Aquele órgão de comunicação social dá ainda conta da investigação da BBC que revelou que, no Reino Unido, há mecânicos que pirateiam o software destes veículos fazendo-os atingir velocidades superiores ao permitido. Mas a PSP não tem conhecimento de casos semelhantes em Portugal.

Em declarações à Lusa, na terça-feira, ainda antes destes números terem sido conhecidos, Rodrigo Santos, presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, ACAPO, deixava já o alerta de que o uso “desenfreado e sem civismo” das trotinetes estava a aumentar o medo das pessoas invisuais de andarem no espaço público e a agudizar assim o “o sentimento de solidão, isolamento, de falta de integração na vida das cidades”.

O responsável associativo explicou que “o que acontece a muitos invisuais é que quando a bengala se apercebe da trotinete já está demasiado perto e o choque já não é evitável. O medo que isto aconteça leva a que muitos invisuais deixem de circular no espaço público”.

A trotinete soma-se como obstáculo a uma vasta lista: “é o carro parado só cinco minutos, é a carrinha de caixa aberta que só está a fazer uma descarga, é a mota estacionada em cima do passeio. A juntar a estas, uma mais nova, as trotinetes”.

O dirigente da ACAPO critica as “velocidades de automobilismo” em que muitas vezes estes veículos circulam mas também a forma como são largadas em qualquer lado: “é ver junto dos interfaces de transportes públicos, seja no Cais do Sodré, no Oriente, em Lisboa, seja na Trindade ou em São Bento, no Porto, as inúmeras trotinetes abandonadas, amontoadas e espalhadas. É em passadeiras, é junto às paragens. Vai além da imaginação.”

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