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Gulbenkian: Personalidades pedem desinvestimento nos combustíveis fósseis

Personalidades do mundo da cultura e da política lançam o desafio à nova presidente da Fundação para que “trabalhe numa estratégia de saída dos seus ativos relacionados com combustíveis fósseis”.
Foto Sheila Thomson/Flickr

A carta divulgada esta quinta-feira realça o papel da Fundação Calouste Gulbenkian nos últimos 60 anos, recuando aos “tempos de triste memória”, quando ela “se substituiu ao Estado Português na formação de quadros qualificados no estrangeiro, proporcionando, por exemplo, as primeiras bolsas de investigação científica, ou promovendo residências artísticas”. E enaltece o espírito precursor de Calouste Gulbenkian ao deixar o seu legado não apenas patrimonial no apoio às artes e às ciências, entre outras áreas que têm contribuído para o desenvolvimento cultural e social português.

“Talvez o maior desafio do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian seja interpretar o espírito do testamento do seu fundador com o passar dos tempos”, prossegue a carta. Se os principais ativos da Fundação sempre estiveram ligados à exploração de petróleo e gás, os signatários defendem que no momento em que o perigo das alterações climáticas é cada vez mais real, “a transição para uma economia descarbonizada é agora um imperativo incontestado”.

E dão o exemplo de uma das maiores organizações filantrópicas do mundo, o Rockefeller Brothers Fund, que em 2014 decidiu deixar de investir em combustíveis fósseis, “assumindo o seu compromisso no combate às alterações climáticas, ao mesmo tempo que libertava as suas ações filantrópicas nas mais variadas áreas deste enorme estigma”.

É um desafio semelhante que deixam agora à nova presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, e a todo o Conselho: “que a Fundação Calouste Gulbenkian trabalhe numa estratégia de saída dos seus ativos relacionados com combustíveis fósseis, aceitando o desafio de interpretar o legado do Fundador em cada momento da história e honrando a sua memória como personalidade comprometida com o futuro”.

Entre os subscritores desta carta estão personalidades ligadas à cultura, como Carlos do Carmo, Joaquim de Almeida, Ana Zanatti, Jorge Palma, Lídia Jorge, Pilar del Rio ou Sérgio Godinho. Outras figuras ligadas à política associaram-se à iniciativa, como os ex-candidatos presidenciais Manuel Alegre, Fernando Rosas, Francisco Louçã e Paulo Morais, o ex-líder da CGTP Manuel Carvalho da Silva ou a presidente da Apre!, Maria do Rosário Gama.

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