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Greve na Função Pública com 85% de adesão, diz Frente Comum

No balanço da adesão à greve, Ana Avoila destacou os “fortíssimos níveis de adesão” a “uma das maiores greves dos últimos anos”. E voltou a desafiar o governo para negociar com os sindicatos.
Escola Marquesa de Alorna, em Lisboa, encerrada devido à greve da administração pública. Foto Mário Cruz/Lusa

A dirigente da Frente Comum, afeta à CGTP, fez um balanço muito positivo da adesão à paralisação dos trabalhadores da administração pública, que esta sexta-feira encerrou escolas, museus e locais de atendimento ao público nos setores da Justiça, Finanças ou da Segurança Social, bem como os serviços de recolha de lixo em várias localidades.

Os sindicatos contestam a proposta do governo de disponibilizar apenas 50 milhões de euros para aumentos salariais em 2019 e acusam Centeno de apresentar “uma proposta inaceitável e provocadora”. Para a Frente Comum, as reuniões com o executivo não têm passado até agora de “simulacros de negociação”, pelo que continuam a exigir aumentos de 4% nos salários para o próximo ano.

No balanço da greve, a dirigente sindical apontou que “a esmagadora maioria das grandes unidades hospitalares do país estão a funcionar só com os serviços mínimos exigidos por lei e, onde os mesmos não são impostos, os serviços estão encerrados, como é o caso das consultas externas”. Para além disso, “centenas e centenas de escolas e jardins de infância da rede pública encontram-se encerrados ou sem atividade letiva”, acrescentou em declarações citadas pela agência Lusa.

As razões para a forte adesão à greve devem-se muito à “perceção muito maior dos trabalhadores” sobre “a degradação continuada dos salários” na última década em que não viram aumentos, o que se traduziu numa perda de poder de compra acima de 20%.

“Depois de nove anos, esta greve tem de ter uma resposta e tem de ter uma resposta de quem tem o direito de a dar que é o Governo”, prosseguiu Ana Avoila, desafiando o governo a marcar rapidamente uma reunião para tentar negociar com os sindicatos, porque “tem espaço para o fazer, tem dinheiro para negociar salários e os sindicatos não abdicam disso”.

Para o líder da CGTP, Arménio Carlos, o retomar das negociações significará que “temos caminho para andar”. Caso contrário, acrescentou, “temos caminho para confrontar. E se formos pela segunda via já está agendado o dia do confronto seguinte, que vai ser a 15 de novembro, com uma grande manifestação em Lisboa, com a participação quer de trabalhadores da Administração Pública, quer de trabalhadores do setor privado”.

Arménio Carlos lembrou que durante o governo PSD/CDS e a troika, “foi devido à intervenção dos profissionais da Administração Pública que muitos dos serviços conseguiram funcionar e agora também era justo que, ao fim de 10 anos, o Governo tivesse uma palavra de atenção e de reconhecimento por esse trabalho”.

“Não nos venham dizer que não há dinheiro para aumentar os salários, porque nós sabemos que neste momento continua a haver muito dinheiro quer para o setor financeiro, quer para as chamadas despesas más - as parcerias público privadas, que nos vão levar, de acordo com a proposta de Orçamento de Estado apresentada, 1.700 milhões de euros no próximo ano. Já para não falar dos juros da dívida”, sublinhou o sindicalista.

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