You are here

Greve histórica na PT/MEO contra faroeste laboral da Altice

Cerca de cinco mil trabalhadores participaram na concentração, em frente à sede da PT/MEO, contra os despedimentos fraudulentos da Altice. José Soeiro reiterou a necessidade de o Governo intervir “para parar esta fraude que tem vindo a desmembrar a PT".
Concentração de trabalhadores na sede da PT/MEO

Os despedimentos fraudulentos que a Altice está a levar a cabo na empresa motivaram uma greve geral dos trabalhadores da operadora de telecomunicações - a primeira em mais de dez anos. No último ano, a empresa tem usado o mecanismo de “transmissão de estabelecimento” para, de forma "ilegal", transferir trabalhadores para outras empresas.

Para José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, trata-se de uma estratégia da multinacional Altice, que é dona da PT/MEO, para “desencadear um processo de assédio moral de larga escala, como o país nunca viu, de pressão sobre os trabalhadores, de tortura psicológica, de todo o tipo de artimanhas legais para, de forma encapotada, despedir os trabalhadores, levando-os a uma situação de desespero em que acabem por sair pelo seu próprio pé”.

Para o deputado do Bloco, a luta dos trabalhadores “é muito importante, é uma luta contra as piores práticas laborais a que o país tem assistido, é uma luta pela manutenção da empresa, que é uma empresa de um setor estratégico para Portugal”.

José Soeiro referiu que Portugal não "é um faroeste laboral", e reiterou a necessidade de o Governo intervir "para parar esta fraude que tem vindo a desmembrar a PT".

O deputado bloquista apelou a que, independentemente das introduções na lei feitas para impedir as empresas de usar o mecanismo de “transmissão de estabelecimento”, o Governo “intervenha agora para travar os despedimentos”.

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, disse ao Esquerda.net “que esta manifestação tem, acima de tudo, uma relação direta com a defesa dos postos de trabalho, mas também com a defesa da dignidade dos trabalhadores”. Para o líder sindical, “foram os trabalhadores da PT que ao longo dos anos criaram esta empresa, a desenvolveram e a credibilizaram, e são estes trabalhadores que estão a ser desrespeitados e mal tratados”.

A concentração à porta da sede da PT é, para Arménio Carlos, um exemplo de “cidadania”, pois “os direitos liberdades e garantias não podem ser vedados nos locais de trabalho, e o que está em causa neste momento são os postos de trabalho, são os direitos dos trabalhadores e a contratação coletiva, mas é também do futuro da empresa e o seu funcionamento”.

Arménio Carlos considerou ainda que a luta dos trabalhadores serve para “demonstrar à Altice que, mesmo que queira, não está acima da lei porque em Portugal quem manda são os portugueses”.

Para Redondo Pedro, da sub comissão de trabalhadores, a Altice está a "interpertar a lei ao seu jeito e não conforme o espirito com que ela foi criada, que é garantir postos de trabalho".

Maria João, trabalhadora da PT, não está na situação de ser despedida, mas estava presente em solidariedade com os trabalhadores afetados. Referiu que a greve é “muito importante porque todos nós demos a vida por esta empresa e, de um momento para o outro, estamos sem futuro”. Para esta trabalhadora, este clima de terror só pode ser combatido com a união dos trabalhadores, por forma a “mostrar que estamos com os trabalhadores que já foram contactados para rescisão”.

A concentração dos trabalhadores da PT/MEO seguiu depois para o palácio de São Bento, sede do Governo, para exigir uma tomada de posição em relação à Altice. Vários trabalhadores empunhavam cartazes com a inscrição "Oh, Costa, não vires as costas!", dirigidos ao primeiro-ministro, também visado nas diversas palavras de ordem: "Costa, escuta, o povo está em luta", "trabalhadores da MEO sim, vigarices não" ou "Governo, ouve bem, compra a PT".

 

Manifestação contra os despedimentos na PT | ESQUERDA.NET

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Sociedade
(...)