A greve de seis dias iniciada esta quarta-feira exige do governo uma proposta negocial que dignifique e valorize a carreira de enfermagem, para além de aumentos salariais e a antecipação da idade de aposentação.
No primeiro balanço da adesão, o líder do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses falou em “centenas de cirurgias adiadas”, com vários hospitais a registarem adesão de 100% à paralisação. É o caso de Abrantes, Chaves, Bragança, Tondela, Viseu, Lamego, Famalicão e Figueira da Foz, revelou José Carlos Martins no balanço feito ao fim da manhã.
A greve afeta as cirurgias programadas, enquanto as cirurgias de urgência continuam a ser asseguradas através dos serviços mínimos. A reunião com o governo, inicialmente marcada para dia 4, foi adiada pelo executivo para dia 12, razão pela qual os sindicatos decidiram manter a greve já agendada.
“Há uma grande unidade dos enfermeiros em torno das reivindicações”, afirmou José Carlos Martins à RTP, sublinhando que a paralisação foi convocada por vários sindicatos. E resumiu os principais pontos das suas reivindicações: “O primeiro é que a carreira, do ponto de vista formal, seja um diploma único para todos os enfermeiros, independentemente do vínculo. A segunda questão é que haja uma valorização da grelha salarial, como o Governo assumiu no protocolo negocial. A terceira questão é que a área da gestão seja prosseguida através de uma categoria e depois a questão da dignificação dos enfermeiros especialistas e a aposentação mais cedo, porque é totalmente impensável que os enfermeiros aguentem a trabalhar por turnos até aos 66 anos de idade”.
O ministro da Saúde também reagiu ao primeiro dia de greve, afirmando que o governo tem uma “vontade enorme” de chegar a um entendimento e que o adiamento da reunião aconteceu por causa de uma deslocação da secretária de Estado da Saúde, que está a liderar as negociações, de “forma relativamente imprevista à Venezuela”.
“O que é a vontade dos enfermeiros terem uma arquitetura de carreira diferente que os valorize e prestigie é reconhecido como justíssimo por parte do Governo. Se há grupo profissional na saúde que precise recriar um modelo de desenvolvimento profissional são os enfermeiros”, afirmou Adalberto Campos Fernandes, citado pela agência Lusa, à margem de uma conferência em Lisboa.
Caso o governo não apresente no dia 12 uma proposta que corresponda aos compromissos assumidos com os enfermeiros, a greve marcada para estas quarta e quinta-feira prosseguirão da próxima terça a sexta-feira, de 16 a 19, afetando vários serviços de saúde. A greve de dia 11 e de dia 19 abrange todas as Instituições do SNS e do Setor Público dos diferentes Ministérios. No dia 16, tal como a desta quarta-feira, abrange apenas os Blocos Operatórios e Cirurgia do Ambulatório das Instituições Hospitalares. No dia 17, a paralisação afetará todos os Serviços das Instituições Hospitalares, com exceção dos Blocos Operatórios e da Cirurgia do Ambulatório. No dia 18, abrange os Agrupamentos de Centros de Saúde e os DICAD . unidades e Serviços da área dos Cuidados de Saúde Primários/ARS.
Na quinta-feira, dia 11 de outubro, a par da greve estão previstas manifestações à porta de hospitais em vários distritos ao longo do dia.