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Governo PSOE-Unidas Podemos passa teste da investidura
“Não nos atacarão pelo que fizermos, mas pelo que somos”, afirmou Pablo Iglesias no último dia do debate de investidura, dirigindo-se ao líder do PSOE para lhe pedir “firmeza democrática” contra os ataques da direita. E foram muitos esses ataques ao longo deste debate, com a direita a radicalizar o discurso e a apelar à rebelião de deputados socialistas para evitarem o primeiro governo de coligação à esquerda em Espanha.
Se o tom da direita dentro do parlamento foi crispado, nas redes sociais elevou-se à categoria de ameaça contra deputados do PSOE e de outros partidos que viabilizaram a investidura, com alguns deles a apresentarem queixa à polícia.
O resultado das ameaças acabou por ser zero, com nenhum deputado a fugir ao compromisso já anunciado. PSOE (120), Unidas Podemos (35), PNV (6), Más País-Compromís (3), Nueva Canarias (1), BNG (1) e Teruel Existe (1) deram a Sánchez os 165 votos de que precisava para vencer a soma contrária do PP (88), Vox (52), Ciudadanos (10), Junts per Catalunya (8), CUP (2), UPN (2), CC (1), Foro Asturias (1) e PRC (1).
A esquerda independentista catalã da ERC (13) e basca do Bildu (5) cumpriram também o seu compromisso de viabilizar o governo através da abstenção. “A mim pessoalmente pouco me importa a governabilidade em Espanha”, afirmou a deputada da ERC Montserrat Bassa, irmã da ex-governante catalã Dolors Bassa, condenada a 12 anos de prisão no processo contra o independentismo. A sua abstenção, afirmou, serve apenas para dar uma oportunidade ao diálogo. Curiosamente, a “mesa de diálogo” entre governos que serviu de moeda de troca para a viabilização do governo terá do lado catalão o executivo presidido pelo Junts per Catalunya, que votou contra a investidura,
No plano institucional, o próximo passo será dado pelo monarca espanhol, após receber ainda terça-feira a comunicação oficial do resultado da investidura. Pedro Sánchez deverá fazer o juramento na terça-feira, pondo fim a dez meses em que ocupou o cargo interinamente. Os nomes indicados pelo PSOE para o novo governo deverão ser conhecidos ao longo das próximas horas. Segundo a imprensa espanhola, Sánchez pretende ter o governo empossado esta semana, a tempo de presidir no dia 10 à primeira reunião do Conselho de Ministros.
Do lado do Unidas Podemos, o seu líder Pablo Iglesias será o vicepresidente com a pasta dos Assuntos Sociais e a coordenação da Agenda 2030, a galega Yolanda Díaz será ministra do Trabalho, o sociólogo catalão Manuel Castells fica com a pasta das Universidades, enquanto o líder da Izquierda Unida, Alberto Garzón, será o novo ministro do Consumo. Irene Montero, uma das principais dirigentes do Podemos, deve assumir a pasta da Igualdade.
O facto de Iglesias e Montero serem um casal e estarem ambos no mesmo governo levantou críticas da oposição. Trata-se de uma situação inédita em Espanha e que em Portugal foi bastante criticada à esquerda e à direita, a propósito das ligações familiares na composição do governo e dos gabinetes do anterior governo socialista.
Um dos nomes mais falados no Podemos para integrar o novo governo, o do aragonês Pablo Echenique, ficará no Congresso como líder parlamentar da sua bancada.
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