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Governo PSOE-Unidas Podemos passa teste da investidura

Com 167 votos a favor, 165 contra e 18 abstenções, o parlamento espanhol concluiu os três dias do aceso debate de investidura de Pedro Sánchez. Novo governo terá o Unidas Podemos à frente de cinco pastas.
Imagem do último dia do debate de investidura. Foto do Congresso espanhol.

“Não nos atacarão pelo que fizermos, mas pelo que somos”, afirmou Pablo Iglesias no último dia do debate de investidura, dirigindo-se ao líder do PSOE para lhe pedir “firmeza democrática” contra os ataques da direita. E foram muitos esses ataques ao longo deste debate, com a direita a radicalizar o discurso e a apelar à rebelião de deputados socialistas para evitarem o primeiro governo de coligação à esquerda em Espanha.

Se o tom da direita dentro do parlamento foi crispado, nas redes sociais elevou-se à categoria de ameaça contra deputados do PSOE e de outros partidos que viabilizaram a investidura, com alguns deles a apresentarem queixa à polícia.

O resultado das ameaças acabou por ser zero, com nenhum deputado a fugir ao compromisso já anunciado. PSOE (120), Unidas Podemos (35), PNV (6), Más País-Compromís (3), Nueva Canarias (1), BNG (1) e Teruel Existe (1) deram a Sánchez os 165 votos de que precisava para vencer a soma contrária do PP (88), Vox (52), Ciudadanos (10), Junts per Catalunya (8), CUP (2), UPN (2), CC (1), Foro Asturias (1) e PRC (1).

A esquerda independentista catalã da ERC (13) e basca do Bildu (5) cumpriram também o seu compromisso de viabilizar o governo através da abstenção. “A mim pessoalmente pouco me importa a governabilidade em Espanha”, afirmou a deputada da ERC Montserrat Bassa, irmã da ex-governante catalã Dolors Bassa, condenada a 12 anos de prisão no processo contra o independentismo. A sua abstenção, afirmou, serve apenas para dar uma oportunidade ao diálogo. Curiosamente, a “mesa de diálogo” entre governos que serviu de moeda de troca para a viabilização do governo terá do lado catalão o executivo presidido pelo Junts per Catalunya, que votou contra a investidura,

No plano institucional, o próximo passo será dado pelo monarca espanhol, após receber ainda terça-feira a comunicação oficial do resultado da investidura. Pedro Sánchez deverá fazer o juramento na terça-feira, pondo fim a dez meses em que ocupou o cargo interinamente. Os nomes indicados pelo PSOE para o novo governo deverão ser conhecidos ao longo das próximas horas. Segundo a imprensa espanhola, Sánchez pretende ter o governo empossado esta semana, a tempo de presidir no dia 10 à primeira reunião do Conselho de Ministros.

Do lado do Unidas Podemos, o seu líder Pablo Iglesias será o vicepresidente com a pasta dos Assuntos Sociais e a coordenação da Agenda 2030, a galega Yolanda Díaz será ministra do Trabalho, o sociólogo catalão Manuel Castells fica com a pasta das Universidades, enquanto o líder da Izquierda Unida, Alberto Garzón, será o novo ministro do Consumo. Irene Montero, uma das principais dirigentes do Podemos, deve assumir a pasta da Igualdade.

O facto de Iglesias e Montero serem um casal e estarem ambos no mesmo governo levantou críticas da oposição. Trata-se de uma situação inédita em Espanha e que em Portugal foi bastante criticada à esquerda e à direita, a propósito das ligações familiares na composição do governo e dos gabinetes do anterior governo socialista.

Um dos nomes mais falados no Podemos para integrar o novo governo, o do aragonês Pablo Echenique, ficará no Congresso como líder parlamentar da sua bancada.

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