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Google adverte para riscos provocados por bloqueio à Huawei

Segundo o Financial Times, empresa argumentou que forçar a multinacional chinesa a criar a sua própria versão do Android pode dar origem a maiores riscos de segurança.
"Android híbrido" da Huawei trará mais problemas de segurança, argumenta a Google
"Android híbrido" da Huawei trará mais problemas de segurança, argumenta a Google

A edição desta sexta-feira do diário britânico Financial Times informa que executivos da Google estão a pressionar a administração Trump para que deixe de fora o sistema operativo Android do bloqueio decretado à multinacional chinesa Huawei.

Washington incluiu a empresa chinesa numa lista de ameaças à sua segurança nacional. Em consequência, todas as empresas norte-americanas têm de bani-la da sua lista de clientes e portanto suspender o fornecimento de equipamentos e serviços.

Todas as empresas norte-americanas têm de banir a Huawei da sua lista de clientes e portanto suspender o fornecimento de equipamentos e serviços.

A decisão de banir a Huawei está suspensa por 90 dias, para permitir uma adaptação das empresas à nova situação. No caso da Google, banir a Huawei significa deixar de fornecer o sistema operativo Android, que equipa mais de 75% dos smartphones em todo o mundo, aos novos modelos da marca, e ao mesmo tempo deixar de fornecer serviços com o Google play – o repositório de aplicativos – e o Google maps, entre outros serviços.

Huawei terá nova versão de Android

Mas a Huawei já anunciou que em poucos meses terá pronta a sua própria versão do Android, e substituirá os serviços da Google – repositórios, mapas e outros – por outros semelhantes. Isso é de facto possível porque o Android se baseia no sistema operativo Linux, que segue os princípios do software livre, tendo o seu código-fonte aberto e livre para receber modificações de programadores que o desejem fazer. Por isso mesmo, existem dezenas de variantes do Android, feitas pelas próprias empresas ou por grupos de programadores que aproveitam para melhorar elementos do sistema ou incluir novas ferramentas ou utilitários.

Segundo o FT, que citou três fontes anónimas com acesso às conversações entre a Google e o Departamento de Comércio dos EUA, a empresa norte-americana afirma que ao forçar a Huawei a desenvolver o seu próprio sistema operativo, os Estados Unidos arriscam-se a que sejam criados dois tipos de Android, um genuíno e um híbrido, e que este último estará mais sujeito a ter bugs (erros de programação) e a pôr os telemóveis que o usem em risco maior de serem alvo de falhas de segurança aproveitadas por hackers ou mesmo pela própria espionagem chinesa.

A Huawei é a segunda maior fabricante de telemóveis do mundo. Em Portugal, é a empresa que mais telemóveis vende no mercado nacional.

Google quer ficar fora do bloqueio

Os executivos da Google pediram ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos um novo adiamento da entrada em vigor da “lista negra” que inclui a Huawei, ou que a Google seja autorizada a não ter de cumprir o bloqueio.

Grupos de fabricantes de microprocessadores que fornecem os seus produtos à Huawei, como a Qualcomm, também têm levado à administração Trump a sua preocupação com o impacto negativo que o bloqueio pode trazer aos seus negócios.

A Casa Branca acusa a Huawei de ser uma espécie de cavalo de tróia do governo chinês, que usaria os telemóveis e equipamentos da empresa para espionagem, mas nunca forneceu provas que deem base a essa alegação. Ao mesmo tempo, procura convencer todos os seus países aliados a não usar os equipamentos da empresa chinesa para implantar as novas redes de telemóveis de quinta geração, a 5G, afirmando que estas ficariam inseguras e abertas à espionagem de Pequim. A Huawei tem os equipamentos mais avançados nesta área tecnológica e já fez contratos com mais de 40 empresas de telecomunicações de muitos países europeus, como a Alemanha, a França, o Reino Unido. As únicas concorrentes são a Ericsson (sueca) e a Nokia (finlandesa). Em Portugal, a Altice (Meo) confirmou que pretende manter o contrato já firmado com a Huawei.

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