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Gestão Privada do hospital de Cascais tira médicos de Almada

Em Cascais, os médicos de ginecologia e obstetrícia vão ganhar o dobro do que ganhavam no Garcia de Orta. O deputado João Semedo questiona a ministra.

A abertura do novo hospital de Cascais, a primeira unidade pública no país com gestão privada, veio a desfalcar os serviços de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Garcia de Orta, em Almada, resultado de um agressivo plano de recrutamento, que ofereceu, no mínimo, o dobro dos salários aos médicos ali recrutados.

Segundo Manuel Hermida, ex-director do Serviço de Obstetrícia do Garcia de Orta, os conselhos de administração (actual e anterior) do Garcia de Orta já haviam sido alertados há quatro anos para a espectável saída de médicos atraídos para o novo hospital de Cascais. No último dia 21 de Abril, o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta (HGO), deliberou fazer cessar a Comissão de Serviço do Director do Serviço de Ginecologia, Hélio Retto. O principal argumento invocado teria sido a incapacidade por parte do director para reter os médicos no serviço.

Em pergunta dirigida à Ministra da Saúde, o deputado João Semedo, do Bloco de Esquerda, contesta a versão apresentada pelo porta-voz do Garcia de Orta, Nuno Crespo, que afirmou que "o conselho de administração não atribui ao médico todas as responsabilidades pela saída dos médicos, mas algumas responsabilidades. Um director de serviço deve motivar a equipa e a administração acha que não foi feito tudo o que devia ser feito e que algumas atitudes do médico levaram à saída de alguns profissionais" completou.

Segundo o deputado do Bloco, o director do Serviço de Ginecologia alertou o Presidente do Conselho de Administração do HGO par a o assédio aos médicos do Serviço que dirigia, por pessoas ligadas ao grupo HPP, no sentido da contratação par a o novo Hospital de Cascais, a ganharem entre três a cinco vezes mais do que a sua remuneração no HGO e a trabalharem menos horas. Situação foi também dado conhecimento ao Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), em Setembro de 2009.

Para além de referir diversas iniciativas que teriam sido tomadas para minorar o impacto da saída dos médicos de serviço, o deputado chega a afirmar que : “Não podemos aceitar que se procure agora encontrar um bode expiatório, na pessoa do Director do Serviço de Ginecologia, par a uma situação estrutural e transversal a todo o SNS – a grave carência de médicos, com uma procura que ultrapassa largamente a oferta, e a falta de soluções concretas por par te do Ministério da Saúde, par a corrigir um a política que tem descurado os recursos humanos do SNS e privilegiado os interesses dos grupos privados”

Leia a pergunta do deputado aqui

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