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GALP e Repsol voltam a ameaçar a costa portuguesa

As petrolíferas querem voltar à carga com a prospeção de gás e petróleo no mar do Alentejo e Algarve em 2017. Bloco quer que o governo ouça as populações e trave o processo.
Foto Robert Seale/Maersk Drilling/Flickr

Depois de suspenderem os planos para efetuarem os furos ao largo da costa alentejana e algarvia este ano – no meio de enorme polémica e contestação unânime das autarquias das regiões afetadas – a GALP e a Repsol não desistiram. Segundo avança o Jornal de Negócios na edição desta quinta-feira, as petrolíferas decidiram solicitar ao governo nova autorização para fazer em 2017 os furos de prospeção de gás e petróleo nas mesmas localizações.

O governo tem a última palavra sobre um processo muito contestado na sociedade, e a lei obriga a que a decisão seja tomada até ao final do ano, altura em que os planos de trabalhos das concessões do ano seguinte têm de estar concluídos.

Com o alargamento do prazo de discussão pública da perfuração da costa alentejana durante o verão, a Galp decidiu cancelar no fim de julho os planos do seu furo, em parceria com a ENI. Duas semanas depois foi a vez da Repsol fazer o mesmo anúncio, sem avançar motivos para a decisão.

Bloco: "Lei foi feita à medida dos interesses das petrolíferas"

A oposição das populações à exploração de petróleo no mar do Algarve e Alentejo ficou bem expressa nos muitos milhares de pareceres negativos entregues no processo de discussão pública. As providências cautelares interpostas pelas autarquias e as ações dos movimentos cívicos tornaram ainda mais difíceis as condições para o avanço dos dois projetos de perfuração.

Reagindo à notícia do pedido das petrolíferas para que a concessão de exploração seja renovada para 2017, o deputado bloquista Jorge Costa defendeu que "o governo deve ouvir o Algarve que se levanta contra a exploração de combustíveis fósseis. Pode decidir parar as petrolíferas e sem quaisquer custos para o Estado".

Para o Bloco de Esquerda, a discussão que terá lugar no parlamento já no próximo dia 26 de outubro, na sequência de uma petição da Plataforma Algarve Livre de Petróleo, será o momento para apresentar "propostas que defendam o interesse público e impeçam que este processo avance no espaço deixado aberto pela atual legislação, velha de 20 anos e feita à medida dos interesses das petrolíferas".

Os peticionários algarvios estão a mobilizar para encher as galerias de São Bento na tarde da discussão parlamentar, com inscrições abertas para a viagem em autocarro até Lisboa.

 

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