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Fuga de gás na Califórnia foi a maior na história dos EUA

O desastre de Porter Ranch foi o 'mais recente exemplo público a mostrar que precisamos de deixar o gás natural debaixo da terra, não queimá-lo'. Artigo de Deirdre Fulton, Common Dreams.

A explosão do poço de gás natural Aliso Canyon, que durou quatro meses e contaminou muitos habitantes nas redondezas, foi confirmada como a maior fuga de metano na história.

De acordo com um estudo especializado, publicado na quinta-feira no jornal Science, a fuga de quase quatro meses lançou aproximadamente 100.000 toneladas de metano – efetivamente duplicando as taxas de emissão de metano em toda a bacia de Los Angeles.

A Companhia de Gás do sudeste da Califórnia alegou que a fuga foi contida ainda esse mês. Engenheiros da Divisão do Estado de Recursos Geotermais, de Petróleo e Gás confirmaram que a fuga foi interrompida na semana passada. “O Aliso Canyon será, certamente, a maior fonte de metano do ano,” disse um dos líderes do estudo, o autor Stephen Conley, da Aviação Científica UC Davis. “É definitivamente um monstro”.

“É a maior fuga da história dos Estados Unidos da Amécia”, afirmou ainda ao Inside Climate News.

Como relata o Los Angeles Times, “Conley pilotou um avião monomotor equipado com sensores de metano e etano através da pluma e analisou-a durante 13 voos de investigação diferentes entre 7 de novembro e 13 de fevereiro, com as últimas leituras a serem tiradas apenas dois dias após a paralisação temporária do poço.”

O jornal continuou:

Em cada voo, começava bem baixo – talvez a 100 metros do chão – voava, voltava e passava de novo 100 metros mais acima. Procedia assim até alcançar o topo da pluma, o qual poderia exigir de 16 a 35 voltas de avião. Juntando todas essas voltas obtém-se o total de emissões da pluma no momento. Logo após o primeiro voo, as leituras de metano alarmaram-no.

“Era 20 vezes maior do que qualquer outra coisa que já medimos – foi realmente um choque,” disse Conley, interrogando: “O que poderia ser tão grande assim?”

Com a poluição da fuga a equivaler a emissões anuais de meio milhão de carros, o desastre irá afetar substancialmente a capacidade do Estado de cumprir as metas de emissão de gases de efeito estufa para o ano, adicionou Tom Ryerson, da Associação Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). “Os nossos resultados mostram como as falhas nas infraestrutura do gás natural podem ter consequências significantes nos esforços de controlo dos gases de efeito estufa”, sublinhou.

Num post de um blogue publicado na quinta-feira, o Cientista chefe do Fundo de Defesa Ambiental, Steven Hamburg notou que os resultados de Conley foram “maiores que os fornecidos pela companhia de gás”. “Mas isso não é surpreendente”, continuou, explicando que “é difícil medir com precisão essas grandes fontes usando aproximações terrestres como aquelas usadas pela companhia de gás para estimar o tamanho das emissões da instalação”.

Significativamente, escreveu Hamburg, o estudo chega dias depois de a Agência de Proteção Ambiental (EPA) divulgar as propostas de conclusões da sua contabilização atualizada das emissões de metano da cadeia de fornecimento de petróleo e gás da nação, que mostra que as emissões subiram 27% acima da estimativa da Agência.

“Quanto mais sabemos das emissões de metano, maiores elas ficam”, referiu. “As novas descobertas não mostram apenas os problemas com metano em grande escala das indústrias de petróleo e gás, mas também como é critico entender essa fonte de poluição climática potente e saber reduzi-la. Sabemos que cortar o metano é uma das maneiras mais rápidas e efetivas para reduzir o aquecimento, e quando combinado com esforços críticos para reduzir a poluição de dióxido de carbono, pode ser atingido um progresso climático substancial.”

O desastre de Aliso Canyon suscitou apelos por parte de membros do Congresso no sentido de a Administração federal de Segurança para Materiais Perigosos e Oleodutos criar as primeiras normas para o stock de gás subterrâneo.

Mas com mais de 300 instalações iguais ao redor dos EUA, a fuga “é somente o mais recente exemplo público a mostrar que precisamos de deixar o gás natural debaixo da terra, não queimá-lo,” como escreveu, no mês passado, a diretora executiva do Earthworks, Jennifer Krill.

De facto, Michael Brune do Sierra Club, declarou num post num blogue em janeiro: “enquanto dependermos dos combustíveis fósseis para energia – a maior parte do metano que está a vazar do Aliso Canyon era para alimentar as centrais elétricas da Califórnia – continuaremos a lutar contra as interferências climáticas com ambas as mãos atadas atrás das costas.”

“Somente quando alcançarmos 100% de energia limpa poderemos salvaguardar a nossa saúde, o nosso meio ambiente, e o nosso clima,” disse. “Para as pessoas que forem alvo do próximo desastre com combustível fóssil – e elas podem estar em qualquer lugar - a chegada desse dia não poderia ser mais urgente”.

Artigo reproduzido pela Carta Maior.

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