Sujeita a uma vaga de calor sem precedentes na última semana, França ultrapassou pela primeira vez os 45 graus Celsius. Durante esta sexta-feira, registou-se três recordes de temperatura na região de Gard no sul do país: primeiro 44,1 graus em Saint-Christol-lès-Alès e Conqueyrac; depois 45,1 graus em Villevieille às três da tarde, e às 16h20 45,9 graus em Gallargues-le-Montueux. Desde que há registos, é a primeira vez que se verificam temperaturas tão altas no país.
As autoridades colocaram quatro zonas em alerta vermelho e outras 76 em alerta laranja, e tomaram medidas para limitar a circulação e poupar água. Quatro mil escolas encerraram e as famílias foram aconselhadas a ficar em casa com as crianças, especialmente no sul do país. Registou-se dezenas de fogos que consumiram uma 300 hectares de área, obrigando a cortes de estradas. Às dez da noite estavam ativos ainda 30, quase todos na região de Gard, a mais fustigada pelo calor. Os hospitais também registaram um aumento notório de afluxo, mas para já a situação nas urgências não é considerada preocupante.
Os meteorologistas atribuem a vaga de calor a uma massa de ar quente trazida do Norte de África por uma zona de altas pressões na Europa central e uma tempestade no Atlântico. Calculam que as temperaturas deverão descer um pouco em todo o país durante o fim de semana.
A vaga de calor estende-se à Alemanha, Polónia e República Checa, que registaram as temperaturas mais altas de sempre em junho. A ocidente, atinge também Espanha, com os piores fogos na Catalunha nos últimos 20 anos.
A Organização Meteorológica Mundial, agência da ONU sediada em Genebra, afirmou entretanto que 2019 estava a caminho de ser um dos anos mais quentes de sempre, o que a confirmar-se tornaria o quinquénio 2015-2019 no mais quente de que há registo. Apesar de ser prematuro explicar concretamente a atual vaga de calor com as alterações climáticas, a OMM afirmou que ela é consistente com o cenário de extremar dos fenómenos climáticos devido à emissão de gases de efeito de estufa. Segundo o Guardian, Clare Nullis, porta-voz da OMM, afirmou ao jornalistas: "as ondas de calor vão tornar-se mais intensas, mais prolongadas, mais extremas, vão começar mais cedo e acabar mais tarde".