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Fecho de estações dos CTT será razia no interior

Oito distritais do Bloco de Esquerda divulgaram um comunicado conjunto em que alertam que “está em curso o encerramento de todas as estações sem o serviço de banco CTT” e apontam que a empresa tem que voltar para a “esfera pública”.
“Se o plano se concretizar, a nível nacional iremos passar de cerca de 600 estações no início do ano para cerca de 200, que é o número de estações com banco CTT”, alertam distritais bloquistas - Foto de Paulete Matos
“Se o plano se concretizar, a nível nacional iremos passar de cerca de 600 estações no início do ano para cerca de 200, que é o número de estações com banco CTT”, alertam distritais bloquistas - Foto de Paulete Matos

As comissões distritais de Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja do Bloco de Esquerda divulgaram um comunicado com o título “O interior de Portugal está cada vez mais vazio” e realizaram conferências de imprensa em simultâneo.

“Estamos a falar do encerramento de todas as estações que não têm banco CTT e, em distritos com mais de vinte concelhos, ficam duas ou três estações. É destes números que estamos a falar, dessa razia por todo o território”, declarou à Lusa Carlos Couto dirigente do Bloco de Esquerda.

“Esta estratégia vai deixar a maior parte dos concelhos deste país sem serviço postal. Estamos a falar de uma redução de centenas de estações e a maior parte vai ser nos distritos do interior ou em concelhos de baixa densidade que, estando no litoral, sofrem dos mesmos problemas”, salientou Carlos Couto.

Obrigações de serviço público não estão a ser cumpridas

No comunicado, as distritais bloquistas lembram que os CTT “é, atualmente, uma empresa, inteiramente privatizada, por exigência da troika”, mas que é “obrigada à prestação do serviço público no domínio postal universal”. Essas obrigações não estão a ser cumpridas pela empresa privada referem as distritais bloquistas, lembrando que a Anacom tem constatado e denunciado esta situação, que tem especial incidência no interior do país, afetando a sua qualidade e a proximidade às populações”.

“Esta situação é inadmissível numa empresa que tem vindo a distribuir dividendos pelos acionistas, superiores aos lucros obtidos” salienta-se no comunicado, que aponta que a situação é agravada pelo “facto de a administração ser remunerada de modo principesco (a remuneração do CEO equivale a 35 vezes o custo médio com trabalhador), tendo um funcionário de base desta empresa que trabalhar 128 anos para ganhar o que Francisco Lacerda, CEO, ganha num ano”.

Encerramento de todas as estações sem serviço de banco CTT

O documento denuncia que “está em curso um plano de encerramento de todas as estações dos CTT onde não existe o Banco CTT”, refere que “a alternativa apontada pelos CTT passa pela transferência do serviço para balcões em lojas e Juntas de Freguesia” e salienta que essas alternativas não vão cumprir igual função, “deteriorando o serviço e abrindo portas ao fim efetivo deste serviço na grande maioria do território português”.

“Se o plano se concretizar, a nível nacional iremos passar de cerca de 600 estações no início do ano para cerca de 200, que é o número de estações com banco CTT” destaca o comunicado, salientando que das 212 estações com banco CTT “apenas 3 são no distrito de Viseu (24 municípios), 4 no distrito de Castelo Branco (11 municípios), 3 no distrito da Guarda (14 municípios), 1 no distrito de Portalegre (15 municípios), 2 no distrito de Évora (14 municípios), 1 no distrito de Beja (14 municípios), 3 no distrito de Vila Real (14 municípios) e 2 no distrito de Bragança (12 municípios)”.

O comunicado salienta ainda que à razia do interior se junta outra razia nos concelhos de baixa densidade nas periferias das grandes cidades do litoral”, exemplificando que “o distrito de Lisboa fica com 69 estações, 38 no distrito do Porto, 17 no distrito de Aveiro e 16 no distrito de Setúbal”.

O documento lembra que o Bloco propôs no parlamento, no início do ano, o “início do processo de rescisão do contrato de concessão” por grave incumprimento, mas a proposta foi derrotada pelos votos contrários de PSD, CDS e PS. Em alternativa, o PS propôs a constituição de um grupo de trabalho, do qual nada se sabe.

A concluir, as distritais bloquistas afirmam que “os CTT têm que voltar para a esfera pública”, defendendo que “a destruição sistemática e calculista deste serviço público torna premente, não só a revogação da concessão do serviço postal nacional, mas também, a necessidade de ser encarada a reversão total da privatização”.

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