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Farmacêuticas reduzem produção de medicamentos por serem pouco lucrativos

A indústria farmacêutica está a desinvestir na produção de determinados fármacos para o tratamento de doenças oncológicas que não proporcionam lucros elevados devido ao seu baixo custo.
Na sequência desta situação, os médicos acabam por prescrever terapias alternativas cuja eficácia é menor. Foto de Josué Goge/ Flickr
Na sequência desta situação, os médicos acabam por prescrever terapias alternativas cuja eficácia é menor. Foto de Josué Goge/ Flickr

O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (PNDO), da Direção Geral de Saúde, Nuno Miranda disse ao “Jornal de Notícias” que este é um “problema muito grave” tendo adiantado que “alguns dos medicamentos não são substituíveis”.

Este problema tem na sua base várias razões, nomeadamente o “baixo esforço” das companhias farmacêuticas para a sua produção, o facto de vivermos numa “economia de stock zero” e também a introdução de uma “maior exigência regulamentar e de fiscalização” aos produtores de medicamentos que muitas vezes leva a que “a sua produção seja suspensa” ou mesmo o “encerramento da produção”.

Para o responsável do PNDO estamos perante “problema cíclico” que “já foi discutido quer na União Europeia (UE), quer na Organização Mundial de Saúde (OMS)” embora ainda não se tenham “dado passos significativos tendentes à sua resolução”.

Terapias menos eficazes

Perante esta situação, as farmácias hospitalares têm vindo a “socorrer-se mutuamente” para tentar ultrapassar este problema, refere o jornal, adiantando que os médicos acabam por prescrever terapias alternativas cuja eficácia é menor.

Estas terapias carecem igualmente de estudos mais aprofundados para os fins a que se destinam, escreve o “Jornal de Notícias”.

esta situação abrange um conjunto de fármacos básicos que são necessários para o tratamento de cerca de 80 por cento dos doentes com doença oncológica

A responsável da Unidade da Mama e do Programa de Investigação do Cancro da Mama do Centro Clínico Champalimaud, Fátima Cardoso, afirma, por seu turno, que esta situação abrange um conjunto de fármacos básicos que são necessários para o tratamento de cerca de 80 por cento dos doentes com doença oncológica.

Fátima Cardoso que é também responsável pela elaboração de recomendação a nível mundial em relação ao cancro da da mama manifesta a sua crença que, além da produção há um problema de distribuição destes medicamentos. E adianta: “Como não são produzidas quantidades suficientes, são vendidos nos países que podem pagar mais e esgotam nos países pobres”, dando como exemplo, a Alemanha que “chega a pagar cinco vezes mais por alguns destes fármacos”.

Os especialistas ouvidos pelos “Jornal de Notícias” sublinham que compete à União Europeia fazer “pressão” sobre a indústria farmacêutica.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Gabriela Sousa considera que uma das soluções possíveis passa por “condicionar a introdução de medicamentos inovadores à obrigação da indústria manter disponíveis os medicamentos que têm um custo mais baixo”.

Ouvido pelo jornal, o Infarmed confirmou que “existem pontualmente medicamentos que estão em situação de ruptura, tendo afirmado “nem todos têm a mesma importância clínica”.

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