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Exército britânico matou mais de 200 civis na guerra do Afeganistão
São números oficiais do Ministério da Defesa mas dizem apenas respeito às “compensações” pagas aos familiares das vítimas entre 2006 e 2013. A organização não-governamental Action on Armed Violence contabiliza nesse período um total de 289 civis mortos devido à ação do exército britânico durante a sua intervenção militar no Afeganistão. 86 entre estes serão menores.
Estas mortes resultaram de 189 “incidentes”, a maioria na província de Helmand, mas a ONG clarifica que deverá haver muitas mais porque são apenas dados de acordos de compensação entre as partes e estes “não são um processo simples para os civis afegãos despoletarem”.
Num total, o Ministério da Defesa britânico pagou 688.000 libras de compensação, uma média de 2.380 libras por vítima e que está inflacionada porque também contabilizará estragos em propriedades e outros ferimentos causados por estas ações.
Ações do exército afegão ou norte-americano não surgem contabilizadas. Nem aquelas em que o governo britânico não aceitou a responsabilidade pelo sucedido. Os investigadores do Ministério da Defesa negaram responsabilidade em 881 mortes e 285 casos de ferimentos.
Nos documentos, não há detalhes das circunstâncias antes de março de 2009. Desconhecem-se assim dados como a idade ou o género dos cerca de cem civis vitimados neste período. Depois disso, há mais informações. Destaca-se um ataque de dezembro desse ano em que quatro crianças foram mortas, tendo o ministério da Defesa do Reino Unido pago 4.223,60 libras pelo caso, o qual nunca tinha chegado aos meios de comunicação social de língua inglesa. Nesse mesmo mês, uma criança de três anos foi morta por uma “explosão controlada”.
A ONG considera que os montantes pagos “foram altamente inconsistentes”. E alguns extremamente baixos: em dezembro de 2009, uma família recebeu 586,42 libras pela morte de uma criança de dez anos, em fevereiro de 2008 estragos numa propriedade e uma morte foram compensados com um pagamento de 104,17 libras. Registam-se vários casos em que danos em propriedades (destruição de colheitas, veículos ou edifícios) valeram mais do que as mortes acima mencionadas.
Segundo um relatório da ONU, entre 2007 e 2020, pelo menos 20.390 civis foram mortos ou feridos pelo exército afegão ou pelas forças internacionais. Apenas os ataques aéreos das forças militares dos EUA serão responsáveis, de acordo com a ONG Airwars, que utilizou dados das Nações Unidas e do The Nation, por 4.815 mortes de civis. O que se conhece do sistema de “compensações” que os EUA também implementaram, através de um relatório da Civic, é que entre outubro de 2005 e setembro de 2014 terá havido 1.630 “pagamentos de condolências”, em que se incluem indemnizações por morte, ferimentos e danos à propriedade. Entre 2003 e 2019, o exército dos EUA pagou pelo menos 38 milhões de dólares para estas finalidades.
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